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Dia: 17 de Fevereiro, 2008

17 de Fevereiro, 2008 Carlos Esperança

O Islão é pacífico

Os grandessíssimos filhos de Deus não param de fazer desacatos em nome do Profeta que lhes coube e dos ensinamentos com que os acirram nas madraças e mesquitas. Os energúmenos julgam-se os únicos detentores de uma religião verdadeira, tal como os das outras religiões, e pensam que, quanto mais boçais e violentos, melhor é o lugar que lhes será reservada no Paraíso e mais formosas as virgens que lá os aguardam.

Tempos houve em que eram escassos os divertimentos e os cristãos rejubilavam com as fogueiras onde se assavam bruxas e hereges, exultavam com os instrumentos de tortura onde judeus e cristãos-novos lentamente quebravam os ossos por amor a Jesus e faziam apostas sobre o tempo que um desgraçado aguentava vivo para satisfação geral.

Os cristãos foram contidos. Caíram os tronos e, com eles, desmoronaram-se os altares. O direito divino tornou-se obsoleto e os piores pecados, punidos com a morte, passaram a ser permitidos e, alguns, aconselháveis. A apostasia é um direito de todos os cidadãos livres e o adultério um acto cuja prática pertence ao campo da moral e não à alçada dos tribunais. O sacrilégio pode arreliar os padres mas é irrelevante no direito. A hóstia, consagrada ou não, é excelente com doce de ovos e ninguém vai preso por acompanhar sardinhas assadas com vinho da celebração da missa.

Apesar de o actual Papa procurar reconduzir a Europa à Idade Média ninguém lhe dá o direito de se intrometer na vida privada. Nem os crentes, que continuam alegremente a usar o preservativo, que se divertem sem medo do Inferno que ele reabriu para assustar as crianças que recusam a sopa, depois de ter sido encerrado pelo antecessor, nem esses o levam a sério.

Só o Islão permanece sem freio num desvario de contornos fascistas. A laicidade é um meio para conter os ímpetos mais primários e a polícia o instrumento imprescindível para suavizar a fé dos vândalos que tudo destroem por amor ao Profeta.