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Dia: 9 de Novembro, 2007

9 de Novembro, 2007 Ricardo Silvestre

e agora, um momento desportivo

Este é um artigo baseado num texto que saiu no sítio Slate.

entre [ ] estão comentários meus.

«Deus parece que está cada vez mais interessado em desporto profissional. Mais interessado do que alguns dos fazedores de apostas desportivas em Las Vegas.

Algumas semanas antes do SuperBowl [final do campeonato americano de Futebol Americano] o melhor jogador da equipa de St Louis, Kurt Warner, um cristão devoto, declarava «o Senhor tem alguma coisa especial preparado para a nossa equipa». Também na mesma equipa, Issac Bruce, que afirmou que por gritar o nome «Jesus» não se magoou seriamente num acidente de carro, descreveu a recepção da bola que acabou por ser a jogada vencedora «Não fui eu. Foi exclusivamente Deus, eu só tive de fazer um pequeno ajustamento e Deus fez o resto» [o que leva a pensar que deus pode ser considerado como doping, uma ajuda extra fora das regras do jogo].

Um antigo jogador da equipa de Green Bay [ainda futebol Americano] Reggie White, um dos mais vocais lideres dos atletas cristãos, sabia que deus intervém em jogos de futebol «por causa de ter interferido na luta entre David e Gólias». O capelão da equipa dos Atlanta Falcons [mais uma equipa de futebol Americano] chegou a afirmar que «Deus preocupa-se com os pontapés aos postes e se eles vão entrar ou não».

O Prof. James Mathisen do Wheaton College diz que «atletas são pessoas pragmáticas e viradas para a performance. Muitos atletas acreditam na existência de Deus e no seu envolvimento no desporto, uma vez que esses atletas querem ver resultados, e resultados das suas preces

Alguns capelões, teólogos e ministros evangelistas rejeitam a ideia de deus ou Jesus Cristo estarem a guiar passes ou a ajudar a apanhar uma bola. Na opinião de alguns dessas pessoas, como por exemplo o teólogo James Freeman da Emory University, «Deus não se importa com quem ganha ou perde, uma vez que Deus preocupa-se com problemas do mundo e não acontecimentos desportivos.» Igualmente o director da organização Pro Atheletes Outreach, um grupo de atletas influentes que afirmam o seu cristianismo, James Mitchell, diz que «Deus intervêm em assuntos que são realmente importantes, como por exemplo quando Hitler tentou dominar o mundo, mas que não se preocupa com jogos de homens crescidos» [não estou a brincar, podem ler no texto original, este Capelão teve a coragem de dizer esta frase, que o seu deus esperou 5 anos e 70 milhões de pessoas mortas para impedir Hitler de conquistar o mundo].»

Tragédias naturais? Acidentes? Más formações congénitas? Pobreza? Crime? Desespero?
Que nada! Remates ao canto, defesas apertadas, «nossas senhoras» nos balneários para a Selecção Nacional ir dar um beijo nos pés: deus é o capitão de equipa.

Quem sabe de mais infantilidades como estas? Conte como foi.

9 de Novembro, 2007 Carlos Esperança

É preciso topete

Já imaginaram os monárquicos a preparar o centenário da República e os vegetarianos a integrarem-se na festa do leitão à Bairrada? Já pensaram no rei de Espanha a preparar-se para visitar Portugal e associar-se às comemorações da batalha de Aljubarrota?

Era como se Angola, Moçambique e Guiné mandassem os seus presidentes a exaltar os soldados portugueses mortos na guerra colonial e a condecorar os órfãos e as viúvas dos militares que os combateram, num qualquer dia 10 de Junho de triste memória.

Por mais humor negro que alguém tenha não pensa que os japoneses prepararem as comemorações do ataque à base de Pearl Harbor ou os alemães comemorem a invasão da Polónia. Como jamais os americanos se atreverão, no futuro, a comemorar a decisão que Bush tomou de invadir o Iraque.

Mas o impensável acontece. Os bispos portugueses querem estar presentes na celebração do centenário da implantação da República, eventualmente com uma missa de Acção de Graças.

Ninguém acredita, conhecida a união de facto entre o trono e o altar, que os bispos vão celebrar as leis do divórcio, da separação da Igreja e do Estado e a do registo civil obrigatório. Nem sequer para manifestarem arrependimento do ódio e do ressentimento que manifestaram à República e do apoio que deram ao seu derrube no 28 de Maio e à cumplicidade com a ditadura salazarista.

Para meditação dos leitores ficam aqui as Palavras do Presidente da CEP na abertura da Assembleia Plenária, em Roma: [Com o aproximar da celebração do centenário da implantação da República, D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse que «devemos estar presentes para que a interpretação dos acontecimentos seja exacta»].

Ora o 5 de Outubro também foi feito contra o poder das sotainas.