Loading

Dia: 31 de Outubro, 2007

31 de Outubro, 2007 Carlos Esperança

Espanha – Julgamento de um crime de Maomé

A sentença judicial, hoje conhecida, sobre os atentados de 11 de Março, em Madrid, põe fim à teoria da conspiração que Aznar elaborou como bom mitómano e excelente farsante. Rajoy, fiel ao seu antecessor, não se demarcou a tempo da encenação grotesca com que o PP quis caucionar o crime da invasão do Iraque.

O PP conseguiu fazer o pleno do apoio do episcopado espanhol à sua política e até às manifestações públicas onde não faltaram o garrido das mitras e o brilho dos báculos com centenas de sotainas a abrir pias manifestações contra o Governo de Zapatero.

Conseguiu mais, conseguiu que o Vaticano se intrometesse na luta partidária espanhola com a beatificação de 498 mártires da guerra civil espanhola, a juntar aos 479 elevados por João Paulo II em gestos de gratidão para com o Opus Dei e de solidariedade para com a Conferência Episcopal Espanhola.

A Igreja espanhola, comprometida ainda com o franquismo, é o principal pilar do PP e a tropa de choque da direita sem se dar conta de que muitos católicos são filhos e netos de vítimas de Franco e que a Espanha é hoje um país civilizado, culto e rico onde a ruralidade já desapareceu.

É por isso que o apuramento da verdade sobre o 11 de Março é tão demolidor para o prestígio dos que preferiram manter a mentira a fazer um acto de contrição.

Esta sentença judicial, independentemente de quem ganhar as próximas eleições, é um labéu contra a mentira e a dissimulação de velhos franquistas e actuais conservadores. Factos são factos e é nessa sólida barreira que o PP esmagou a honra e a credibilidade. A mentira ficará a pesar-lhe tanto quanto o crime de Aznar na invasão do Iraque.

31 de Outubro, 2007 Ricardo Silvestre

Lições de ódio

Foram encontrados, em algumas das mais importantes mesquitas de Londres, livros a apelar à decapitação de Muçulmanos não praticantes, a ordenar às mulheres islâmicas de se manterem em casa e a proibir casamentos entre pessoas de diferentes religiões .

Alguns destes livros a defender posições fundamentalistas foram encontrados em livrarias dentro de mesquitas como a de Regents Park que foi fundada pelo regime Saudita. O seu director, Ahmad al-Dubayan é também um diplomata Saudita.

Para além disso, foram também encontrados livros controversos em mesquitas em Manchester, Birmingham, Edinburgh, Oxford and High Wycombe.

Pode-se ler no texto do The Times que «o que é mais preocupante é que algumas destas mesquitas encontram-se ente aquelas que têm mais apoios e que são das mais dinâmicas na comunidade islâmica da Grã-Bretanha, sendo algumas delas instituições reconhecidas oficialmente».

Um dos temas mais importante no livro são os apelos ao sectarismo, onde se defende que os Muçulmanos devem-se separar de outras religiões e resistir à integração na sociedade. Segundo esses livros «o verdadeiro muçulmano é aquele que sente nojo e ódio pelos não-crentes, heréticos, e tudo aquilo que é considerado não–muçulmano, incluindo aqueles que não praticam com rigor suficiente os ensinamentos da religião islâmica».

Estes apelos ao tribalismo primitivo serão sempre uma das características mais assustadoras das religiões. É a tentativa de criar um ambiente de intolerância e de ódio para com os outros, e pior, muitas vezes dentro da própria religião. Como diz Richard Dawkins «vendo todo este ódio, é difícil imaginar que futuro o mundo possa ter».

Para ler mais sobre este tema, visite NOVA

31 de Outubro, 2007 Helder Sanches

BCP e BPI: nas mãos de deus

Através do seu porta-voz, o BCP anunciou ontem a recusa à proposta de fusão apresentada pelo BPI. Para mim, que não percebo nada destas grandes negociatas, o comunicado pareceu-me equilibrado e cauteloso, precavendo possíveis especulações sem, no entanto, fechar a porta a novas negociações.

Fiquei deveras espantado, contudo, quando o porta-voz do BCP, ao ser interrogado sobre o futuro, respondeu que “o futuro a deus pertence”! Imagino que outra frase possível fosse “o futuro está nas mãos de deus”. Para o efeito também funcionaria… Se fosse investidor do BCP estaria muito preocupado.

(Publicação simultânea: Diário Ateísta / Penso, logo, sou ateu)

31 de Outubro, 2007 Ricardo Alves

A consciência que objecta

O papa dos católicos romanos quer que os farmacêuticos aleguem «objecção de consciência» para não venderem a «pílula do dia seguinte». Duvido que os comerciantes do ramo dos medicamentos concordem em reduzir o âmbito do seu negócio, mas é divertido imaginar um mundo onde todos pudéssemos invocar «objecção de consciência» em cada aspecto da nossa vida profissional. Por exemplo: os médicos poderem recusar-se a fazer transfusões de sangue; os comerciantes poderem recusar vender fosse o que fosse a homossexuais, ou a mulheres com a cara destapada; os vendedores de calendários poderem recusar fornecê-los a casais que os utilizassem na sua estratégia contraceptiva; os professores poderem negar-se a ensinar a teoria da evolução; os produtores de vinho poderem recusar vender carrascão para ser usado nas missas católicas… Pensando melhor, o mundo da «objecção de consciência» de Ratzinger não parece divertido: parece assustador.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
31 de Outubro, 2007 ricardo s carvalho

o ópio do povo

a Pew Global Attitudes Project fez sair recentemente um estudo onde, entre outras coisas, analisa uma eventual correlação entre religião e o PIB per capita. o gráfico em questão não deixa de ser curioso:

a medição de “religiosidade” varia numa escala de 0 a 3 (sendo 3 o nível mais religioso), com a pontuação atribuida da seguinte forma: 1 ponto se os inquiridos consideram que “a fé em deus é necessária para a moralidade”, 1 ponto se os inquiridos consideram que “a religião é importante nas suas vidas”, e 1 ponto se os inquiridos consideram que “rezam pelo menos uma vez por dia”. os resultados aí estão para observar sem mais: nas nações mais pobres a religião mantém-se central na vida dos povos, enquanto que perspectivas mais seculares são comuns nas nações mais ricas.

note-se contudo que a correlação diz respeito a nações e não a indivíduos, i.e., não podemos do gráfico concluir que existe correlação entre um indivíduo ser pobre e ser muito religioso, ou ser rico e ser pouco. mas parece-me que a tendência indicada perspectiva um futuro auspicioso para todos!

(Esquerda Republicana / Diário Ateísta)