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Dia: 19 de Maio, 2007

19 de Maio, 2007 Carlos Esperança

O Vaticano e a liberdade

O Vaticano não é apenas um Estado pária, é uma teocracia que se julga depositária da vontade divina e exibe a arrogância de quem nunca tem dúvidas e não se engana.

O Vaticano lamenta a não adopção de Declaração de direitos indígenas quando os seus padres foram os mais ferozes devastadores da sua cultura, e dos próprios indígenas, cuja evangelização era forçada para os que resistiram à varíola, à fome e à escravatura.

A intolerância, o ódio à diferença e o proselitismo são apanágio das religiões, em geral, e do catolicismo, em particular. Como pode a ICAR arrogar-se a defesa da liberdade e dos direitos de quem quer que seja?

Evo Morales vai pedir explicações ao Vaticano sobre afirmações do Papa, no Brasil, a respeito de Governos autoritários. A Bolívia não é um exemplo de tolerância mas, em comparação com o Vaticano, é uma democracia avançada.

Quando B16 afirmou, no Brasil, que a evangelização da América Latina foi pacífica referia-se certamente à paz dos cemitérios e provocou uma onda de indignação pelo desplante de não reconhecer o processo sangrento que marcou a evangelização na América Latina.

Hoje, o conhecimento da história está ao alcance de muitos e a mentira sobre factos é mais fácil de rebater do que o embuste sobre Deus. No tribunal da História B16 será julgado pela sua obsessão em rever a história e absolver dos crimes o passado da sua Igreja.

19 de Maio, 2007 Carlos Esperança

Adão e Eva

Naquele tempo, Adão e Eva, fartos de castidade e do Paraíso, emigraram para longe de Deus e dos preconceitos, dos anjos e dos seus ridículos ademanes, da fauna celeste e da subserviência ao patrão.

Calculo o que Adão terá dito a Eva quando, em êxtase, lhe confessava: «Aquela besta disse que éramos feitos de barro para não darmos largas à paixão, para não termos em vista outros fins além da procriação e não nos mexermos com medo de nos quebrarmos.

E, no intervalo da recreação, enquanto comiam amoras silvestres, diziam mal daquele celibatário que recalcava os impulsos e começou a fazer o catálogo dos pecados.

Adão e Eva folgaram e foram fiéis até crescerem os rebentos e a promiscuidade tomar o lugar da moral. Como viveram centenas de anos e sempre férteis, foram muitos os filhos que fizeram em união de facto, por falta de padre que os casasse e de água benta que os aspergisse.

Há quem garanta que Adão e Eva eram ateus: não rezavam nem iam em peregrinação a Fátima. Eram nudistas e não rezavam o terço. Não iam às procissões e nunca pagaram o dízimo.

Como não foram baptizados deviam estar no Limbo mas agora, como foi encerrado, vai ser uma dificuldade dos diabos transportar os utentes para o Paraíso com a comunicação social à espera de entrevistar Deus.