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Dia: 3 de Abril, 2007

3 de Abril, 2007 Ricardo Alves

A secularização da sociedade portuguesa(3): os nascimentos fora do casamento

Os nascimentos fora do casamento
O gráfico seguinte mostra como, a partir do 25 de Abril, aumentou significativamente a percentagem de crianças que nascem de pais que não estão casados.

Enquanto, até 1974, apenas 7%-8% das crianças nasciam de pais que não estavam casados, a partir de 1979 essa percentagem começa a subir rapidamente, chegando aos 10% em 1982, ultrapassando os 20% em 1998, e atingindo os 31% em 2005. Nos anos mais recentes, o crescimento tem sido cada vez mais acentuado.

Deve acrescentar-se que a esmagadora maioria dos nascimentos fora do casamento resultam de pais que vivem juntos. Tomando como referência o ano de 2005, 71% dos nados-vivos nasceram de pais casados, 25% de pais juntos (mas não casados) e 6% de pais que não coabitavam. Pode portanto concluir-se que mais do que um em cada quatro dos jovens casais que têm filhos vivem em união de facto.

O catecismo da ICAR só concebe os filhos como existindo dentro do matrimónio. Como se pode ver neste particular (e como acontece também no casamento civil e no divórcio) a sociedade portuguesa afasta-se cada vez mais do modelo de família católico. Não porque alguém force os cidadãos a repudiarem tal modelo de família, mas sim em resultado de escolhas individuais inteiramente legítimas e espontâneas.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
3 de Abril, 2007 Carlos Esperança

Ontem houve festa no Vaticano

Ontem aconteceu um verdadeiro carnaval da fé no Vaticano. Bambolearam as sotainas, abanaram-se as mitras, arejaram-se os báculos e agitaram-se os hissopes que estavam de molho nas caldeirinhas da água benta. Apenas com 1 dia de atraso sobre o dia das mentiras.

Uma legião de calaceiros cantava hossanas e desforrava-se em latim das orações que JP2 precisava para ser beato. O cadáver, certamente indiferente, repousava no túmulo enquanto, à sua custa, uma freira exibia a cura da doença de Parkinson.

«Eu estava doente e agora estou curada» – dizia a freira em quem JP2 obrou o milagre que aprendeu em morto. Quem pode duvidar da santidade do rústico Papa polaco que acreditava em Deus e julgava que o 3.º segredo de Fátima lhe era destinado?

A ICAR dedica-se ao ramo dos milagres no campo da saúde quando a sua experiência é bem maior no domínio dos negócios, da política e da repressão. B16, um homem com experiência da vida, presidiu à missa – uma distracção obrigatória para os devotos – e refugiou-se nos aposentos com vergonha de tanta superstição e do histerismo de polacos que queriam levar já um certificado de canonização.

Os milagres são hoje o mais rendoso negócio da Igreja católica mas não tarda que venha pedir perdão pelas pessoas a quem enganou e pelo óbolo que extorquiu aos desgraçados crédulos que julgam que os milagres caem do céu e que uma freira é para levar a sério.

Todos os dias, milhões de pessoas dizem: «Eu estava doente e agora estou curada», sem necessidade de falcatruas, sem encenações obscenas, histerismos colectivos e cadáveres apodrecidos. Basta um antibiótico ou uma aspirina.

Se fosse verdadeiro o milagre, havia de perguntar-se por que razão os hospitais estão cheios e JP2 só se lembrou da freira. Já em vida, era mais conhecido pelos espectáculos que animava do que por razões de justiça. Os milagres deviam ser suspensos por uma providência cautelar para evitar que os simples fiquem mais tolos à espera do Céu.