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Dia: 22 de Janeiro, 2007

22 de Janeiro, 2007 Ricardo Alves

Merkel quer pôr «Deus» na lei fundamental da UE

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, criticou a «Constituição europeia» ainda em discussão por não conter uma referência às «raízes cristãs» da Europa. Segundo Merkel, «a Europa não é um clube cristão, mas é um clube de valores». É um pequeno progresso: o lema «a Europa é um clube cristão» é da autoria do seu antecessor conservador, Helmut Kohl. Merkel acrescentou: «não aceitaremos, em caso algum, pontos de vista (…) segundo os quais o homem e a mulher teriam oportunidades diferentes».

A chanceler da Alemanha contrastou ainda a «Constituição» europeia com a Lei Fundamental alemã, cujo preâmbulo arranca com um: «concientes da sua responsabilidade perante Deus e os homens…». Informo a senhora Merkel de que esta frase adornou em tempos uma Constituição portuguesa. Era a mesma, veja lá, em que a igualdade perante a lei era ressalvada «quanto ao sexo» pelas «diferenças de tratamento justificadas pela Natureza», o que permitia que às mulheres fossem vedadas certas profissões. Enfim, defender que a igualdade entre os sexos é um valor cristão, é desonestidade pura.
22 de Janeiro, 2007 Ricardo Alves

A mulher que não aperta a mão

Uma agente policial britânica recusou-se a apertar a mão ao seu superior hierárquico. A razão? A religião dela não o permite. Não se sabe como fará para imobilizar um ladrão ou um briguento de rua.

Qual é a religião? A mesma que a faz utilizar um véu. E o Estado britânico acha bem que uma agente policial ande de véu. Agora, também creio que vão «acomodar a diferença» que consiste em não apertar a mão a homens.
22 de Janeiro, 2007 Palmira Silva

Intolerância cristã


Fanático cristão invade o palco de um teatro onde se exibe a peça «Me cago in Dios» e agride os actores. De facto, a sátira é algo intolerável aos crentes mais fanáticos, que não aceitam que alguém possa agir sem ser de acordo com os canônes da sua Igreja! Muito menos aceitam que se parodiem esses mesmos canônes…

22 de Janeiro, 2007 Palmira Silva

As posições do NÃO

Um post no SIM ao referendo que explica muitas posições NÃO, explica que o que move muitos não é, como ululam, a defesa da vida, mas sim o incómodo que lhes causa a IVG por opção da mulher. Isto é, o que os incomoda é a liberdade de consciência da mulher.

O post aborda a homilia semanal na RTP de Marcelo Rebelo de Sousa, o responsável com Guterres pela situação aberrante em que nos encontramos, que afirmou ao vivo e a cores ser «contra a penalização da mulher. Às dez semanas, aos cinco meses, aos oito meses

Como Fernanda Câncio escreve, se a pergunta fosse, portanto, «está de acordo que a mulher que aborta – no limite, até aos 9 meses – deixe de ser criminalizada?», o professor Marcelo responderia SIM, concordo.

O professor Marcelo tem assim a curiosa posição de ser contra a penalização da mulher mas ser igualmente contra parte da pergunta do referendo, isto é, a parte «por opção da mulher». Mais concretamente «é muito claro: eu até sou SIM à despenalização mas sou contra uma lei que vai mais longe que a despenalização, que é permitir uma livre escolha sem justificação nenhuma. Um estado de alma permite à mulher abortar. Porque lhe apeteceu, põe em causa uma vida humana».

Mas deixa de estar em causa uma vida humana se a IVG não for realizada por opção da mulher (não se percebendo muito bem por opção de quem admite o professor o aborto até aos 8 meses, mas certamente alguém sem «estados de alma», o marido quiçá)!

Como analisa magistralmente Fernanda Câncio:

«Simplificando, o professor Marcelo criou um slogan que é o inverso, o espelho do tão odiado ‘na minha barriga mando eu’: ‘na barriga da mulher só não pode mandar ela’.

O professor Marcelo não confia nas mulheres portuguesas. Vidas humanas nas mãos – nas decisões – delas, nem pensar. É por isso que o professor Marcelo vota NÃO. É um ‘NÃO, não confio nas mulheres‘.»

Em minha opinião é este tipo de misoginia que está subjacente a muitos votos NÃO. Uma misoginia que menoriza as mulheres, seres dados a «estados de alma» que abortariam por dá cá aquela palha, pelo que a decisão por uma IVG não pode alguma vez ser deixada a estes seres fúteis e ocos!

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