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Dia: 8 de Setembro, 2006

8 de Setembro, 2006 Ricardo Alves

A Grécia apresenta (ligeiras) melhoras

A Grécia é, sem dúvida, o país da União Europeia onde existe menos liberdade religiosa. Só para nos situarmos: qualquer prática religiosa não ortodoxa está proibida fora da privacidade dos templos, incluindo portanto as procissões e o proselitismo. O que foi portanto permitido aos católicos em Lisboa, durante o «Congresso Internacional da Nova Evangelização», deve-se à tolerante jurisdição da laica República portuguesa. Na Grécia, com o seu regime de Igreja de Estado, seria ilegal.

No entanto, mesmo a Grécia pode progredir no sentido da tolerância e da laicidade. A prová-lo, está a recente notícia de que a Igreja Ortodoxa Grega permitiu a abertura de uma mesquita em Atenas (após anos de adiamentos e má vontade eclesiástica). As situações de Igreja de Estado têm destas perversidades: ser uma confissão religiosa a autorizar outra confissão religiosa a abrir um lugar de culto. Outra notícia recente que indica algum degelo do clericalismo grego é a circular governamental banindo as confissões feitas por padres nas escolas. A escola existe para instruir os alunos, não para realizar ritos religiosos (que podem perfeitamente ter lugar noutro âmbito). Até na Grécia se começa a compreender isto. Finalmente, uma notícia menos recente indica que a cremação se tornou legalmente possível, mas que, por lei, os cidadãos ortodoxos não poderão ser cremados. Por incrível que pareça, nesse país da União Europeia a Igreja tem tutela sobre os cadáveres, independentemente da família ou da vontade do falecido. E o Estado retém dados sobre a religião dos indivíduos.
8 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Talibans cristãos

Um pequeno vídeo educativo que mostra o registo fóssil de crânios de homínideos e não deixa dúvidas sobre a macro evolução humana, nomeadamente sobre o processo evolutivo da encefalização na árvore filogenética humana.

Algo que os cristãos querem a todo o custo esconder do público por negar «a base imutável de toda a antropologia cristã», que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus.

Esperemos que os cristãos quenianos não recorram às medidas drásticas dos seus análogos no Canadá, que recentemente destruiram os petróglifos da ilha de Qajartalik, candidata a património mundial da Unesco. Destruição que segue o padrão de ataques prévios perpretados contra património cultural único por membros de «um movimento muito forte» de cristãos fundamentalistas em Kangiqsujuaq e várias outras comunidades Inuit no norte do Quebeque, alvo de lavagens cerebrais massivas por fanáticos «missionários» cristãos.

Medidas drásticas que são propostas para os edíficos governamentais quenianos que supostamente ostentam profusos símbolos «demoníacos» e colocam o Quénia sob «a grande influência da adoração de Satanás» quando o país «precisa desesperadamente da graça abundante de Deus».

Assim, como forma de atrair a dita «graça» divina, são propostas desgraças culturais, como a demolição de parte de edíficios históricos como o Parlamento e o Supremo Tribunal, cheio de «satânicos» símbolos maçónicos como estrelas, rãs e tartarugas, sinais inequívocos do Demo. Símbolos satânicos, isto é, património cultural único, que «infestavam» igrejas evangélicas construídas por perversos arquitectos maçons já foram devidamente destruídos.

Esta sanha cristã em destruir património histórico considerado «anti-cristão» fez-me recordar a destruição das estátuas milenares de Buda em Bamiyan, no Afeganistão, pelos talibans…

Só nos resta esperar que a colecção de fósseis quenianos não seja atingida por esta mui cristã «purificação» histórica!

8 de Setembro, 2006 Palmira Silva

Cristãos unidos contra o evolucionismo


Do Quénia chegam-nos mais notícias que indicam ser a ciência, em especial o evolucionismo, o pior obstáculo à «propagação» da fé cristã e como tal é o alvo em que assestam os ataques de todos os flavours do cristianismo. Desta vez as poderosas igrejas evangélicas do Quénia exigem ao Museu Nacional deste país, possuidor da mais completa colecção de fósseis que retratam inequívocamente a a evolução do homem, que este retire esta colecção da exibição ou pelo menos que a relegue para um local sem visibilidade.

O Museu Nacional do Quénia é o local onde podemos ver o Turkana Boy, descoberto em 1984 em Nariokotome perto do lago Turkana no Quénia, o exemplar mais completo e um dos mais antigos, cerca de 1.6 milhões de anos, do Homo erectus. Mas o Museu exibe igualmente fósseis de vários exemplares do Australopithecus anamensis, o primeiro hominídeo a exibir bipedalismo, com cerca de 4 milhões de anos. Isto é, o Museu Nacional do Quénia, um ponto de atracção turístico situado perto de Nairobi, exibe uma colecção que não deixa quaisquer dúvidas em quem a aprecie sobre a evolução do homem.

A comunidade cristã local, como seria de esperar, não suporta ver algo que contradiz as bases da sua mitologia e como pretende o bispo Bonifes Adoyo, que preside à comunidade «Cristo é a resposta», completamente em uníssono com o Vaticano, a exibição apresenta como um facto aquilo que na realidade é uma ateísta «teoria» – para todos os cristãos fundamentalistas sinónimo de palpite. Ou seja, os cristãos locais não querem que os visitantes do Museu confirmem com os próprios olhos a evolução do homem. Porque para os cristãos:

«A nossa doutrina é que nós não evoluímos dos macacos e preocupa-nos imenso que o Museu queira aumentar a proeminência de algo apresentado como um facto quando apenas é uma teoria».

Adoyo disse que todas as igrejas cristãs do país se unirão para forçar o Museu a esconder do público as evidências que comprovam a palermice da mitologia cristã quando este reabrir em Junho próximo depois de ano e meio de remodelações.

O bispo Adoyo distinguiu-se no passado pela sua campanha para mudar o motto nacional do Quénia, harambee, uma palavra que em Kisuaheli quer dizer algo como «a união faz à força», mas que Adoyo pretende ser extremamente ofensivo para os cristãos já que seria, supostamente, uma corruptela de uma invocação à deusa hindu Ambee !

(continua)