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Dia: 27 de Agosto, 2006

27 de Agosto, 2006 Palmira Silva

A epístola sobre a morte da ciência

Jon Swift tem mais um post satírico fabuloso sobre as limitações mentais (e ortográficas) dos apoiantes incondicionais de G. W. Bush, devotos teocratas como o próprio presidente dos Estados Unidos.

Enfim, alguns teocratas, de acordo com uma sondagem recentemente publicada pelo Pew Forum, acham que há algumas maçãs podres no cesto republicano. De facto, com maioria no Senado o GOP ainda não conseguiu produzir legislação proibindo o execrado casamento homossexual e assistiu-se recentemente ao cúmulo do ateísmo republicano quando alguns senadores do GOP votaram a favor do alargamento do financiamento da investigação em células estaminais, obrigando Bush a usar o poder de veto pela primeira vez.

Mas o que proporcionou a prosa imperdível em questão é um post de um blog que dá pelo aliciante nome «Blogs for Bush», que tem feito as delícias da blogoesfera americana.

Mark Noonan, um devoto cristão a quem a centelha do pensamento crítico, aliás diria de qualquer pensamento, nunca lhe agraciou as sinapses e que está a leste do que seja ciência, considera como dado adquirido que a ciência morreu, nos Estados Unidos pelo menos. Tal feito deve-se não aos esforços envidados para tal pela administração Bush mas às «mentiras» dos ateus cientistas que se desviaram dos caminhos da «Verdade»!

Isto é, pouco versados em religião devido ao secularismo «esquerdista» que a excluiu das salas de aulas, os ateus cientistas rejeitam o «conhecimento da verdade genuína, da razão genuína e da relação do homem com a criação e com o seu Criador» e tal ditou o Fim da Era da Ciência.

Recomendo a leitura desta epístola contra a ciência, uma ilustração perfeita das ruminações acéfalas de um fundamentalista cristão. Como antídoto o post de Jon Swift, simplesmente delicioso, é indispensável!

27 de Agosto, 2006 Carlos Esperança

MINISTRA DO OPUS DEI DEFENDE ESCOLA RELIGIOSA

A ministra britânica para as Comunidades, Ruth Kelly, defendeu, em Londres, o papel das escolas religiosas, perante acusações de fomentarem a segregação entre pessoas de diferentes credos religiosos.

A Europa secularizada e democrática esquece as lutas que travou e o sangue que verteu na defesa da liberdade para ceder a pressões e capitular perante o proselitismo religioso, através de líderes que se vendem por um punhado de votos.

Na Inglaterra, a ministra Ruth Kelly, membro do Opus Dei, nomeada por Blair, que gosta de afirmar publicamente a sua religiosidade, e, quiçá, convertido ao catolicismo, defende as escolas religiosas face à escola pública, uma forma de entregar crianças ao proselitismo dos credos que se digladiam em busca da hegemonia no mundo globalizado.

Às escolas protestantes e católicas juntam-se agora as islâmicas, sikhs e hinduístas.

A fanatização de crianças fica ao alcance de clérigos que orientam ideologicamente a formação e substituem os professores que educam para a cidadania.

Neste retrocesso histórico e civilizacional, no atropelo à escola pública e no desprezo pela laicidade germina a semente do ódio e da competição religiosa.

Quando os líderes dos Estados laicos abdicam do papel de árbitros e se conluiam com os chefes religiosos lavram os campos onde semeiam ódio, cultivam rivalidades étnicas e colhem sentimentos comunitaristas em detrimento da cidadania.

A cobardia de alguns dirigentes políticos põe em perigo a liberdade, mina os alicerces da democracia e abre caminho para regimes teocráticos que fomentam a intolerância, o terror e a guerra.