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Dia: 8 de Agosto, 2006

8 de Agosto, 2006 Palmira Silva

Liturgia confundida com vírus


A Symantec, mais concretamente o seu programa Norton Antivirus, criou uma santa confusão nas hostes da Igreja Anglicana e perturbou consideravelmente durante umas semanas a qualidade dos sermões debitados nas igrejas inglesas.

Os utilizadores do Visual Liturgy, mais de 4 500 vigários que o utilizam na preparação dos seus sermões e de material a distribuir aos paroquianos, viram-se privados dessa ferramenta indispensável ao ofício caso fossem simultaneamente utilizadores do Norton.

De facto, a definição de vírus da Symantec de 8 Julho identificava o ficheiro vlutils.dll integrante do programa como sendo o SniperSpy e instruía os seus utilizadores a apagar o ficheiro. Ora este dll é essencial para o programa correr, de forma que a Church House Publishing, que distribui o programa, teve um mês muito atarefado:

«Cerca de 4 500 igrejas com aproximadamente meio milhão de fiéis foram muito afectadas por isto» disse David Green, da CHP. «Normalmente não é fácil irritar um membro do clero, mas tivemos muitos ao telefone».

8 de Agosto, 2006 Carlos Esperança

Momento Zen da Segunda-feira

O bem-aventurado João César das Neves (JCN) ensandeceu de vez. A piedade e o temor a Deus toldam-lhe o entendimento e o proselitismo afunda-o no pântano da difusão da fé.

Jesus Cristo está para JCN como Hitler para os nazis. Qualquer dislate é a verdade e a mais ignara das frases um pensamento profundo. Jesus Cristo (JC), segundo JCN tem dois propósitos – fazer santos e salvar os pecadores, em cujo número se inclui.

Com a autoridade de quem pertence à seita, considera santos Madre Teresa, cuja história de vida é reescrita de acordo com os interesses da ICAR, e João Paulo II, para quem não há lixívia que baste para limpar as nódoas do pontificado.

Segundo JCN, a ICAR «tem poucos santos e muitos pecadores», um truísmo banal que numerosas vítimas testemunharam na fogueira, nas masmorras e torturas que a ICAR promoveu para maior glória de Deus e deleite dos seus padres.

JCN, sem indicar o número de inscrição na Ordem nem a faculdade que frequentou, diz que JC é advogado junto do Pai. Sendo incerto o progenitor e duvidosa a formação, não admira que a única comarca onde possa exercer seja o Paraíso.

JCN confessa a desfaçatez e maldade da sua Igreja. Diz que «o que Cristo trouxe foi o inconcebível: o acesso à vida dos ladrões e assassinos, desde que O amem [sic]. Isto só Deus pode fazer».

Por outras palavras, o Paraíso é para os pulhas, desde que amem JC. Um ateu não diria melhor.

8 de Agosto, 2006 Palmira Silva

Amor cristão: homofobia

A vacuidade da pretensão cristã de que a sua religião é baseada no «amor» ao próximo e na tolerância para com os seus semelhantes atinge o seu zénite em tudo o que diz respeito à sexualidade alheia, nomeadamente à homossexualidade, que os cristãos fundamentalistas se acham no direito de determinar. Dois exemplos recentes ilustram bem a intolerância e ódio cristãos a todos os que não se sujeitam às aberrações da sua religião.

Fundamentalistas cristãos tentam boicotar a Gay Parade em Belfast

Há já 14 anos que a comunidade gay irlandesa realiza a sua parada anual em Belfast, sem quaisquer problemas ou violência. Isto é, até este ano, em que cristãos locais tentaram impedir a sua realização sob o pretexto que o evento ofendia as suas sensibilidades religiosas:

«Nós achamos a parada moralmente ofensiva. Como cristãos evangélicos acreditamos no que a Bíblia diz no que respeita à sodomia – que é um pecado»

Na realidade, diria que os ditos cristãos estão irritados porque as sondagens indicam que a homofobia cristã está a desaparecer da Irlanda do Norte, cujos habitantes se manifestam tolerantes em relação às opções sexuais alheias. E assim resolveram tentar boicotar a parada com as habituais provocações.

Assim, os devotos cristãos fizeram questão de comparecer à parada e demonstrar a sua rejeição do pecado alheio virando as costas ao desfile. Na igualmente já habitual cristianovitimização queixam-se agora que foram «insultados» pelos manifestantes, que, imagine-se, lhes chamaram «intolerantes» e «fundamentalistas religiosos assassinos». Os fundamentalistas cristãos já prometeram repetir as provocações para o ano na esperança de as reacções a essa provocação lhes forneçam pretextos para ulular contra a parada.

Neo-nazis e fundamentalistas cristãos semeiam o terror em Riga

Uma multidão homofóbica constituida por neo nazis, fundamentalistas cristãos e ultra nacionalistas, semeou o terror num encontro Gay em Riga, Letónia, realizado no Reval Hotel Latvia depois de os tribunais letões terem mantido a decisão da câmara de Riga em proibir a realização da Parada Gay marcada para esse dia.

Foi necessário à direcção do hotel recorrer a guardas armados privados para garantir não só a integridade do mesmo como a segurança dos participantes depois de a polícia local se ter demonstrado incapaz para deter a violenta e bem organizada multidão que cercou o hotel.

8 de Agosto, 2006 Palmira Silva

Impunidade em nome de Deus – pedofilia

A Igreja católica volta a fazer as manchetes de vários jornais britânicos pelas piores razões, agora pelo maior caso de abuso sexual de menores em julgamento neste país.

Cerca de 140 ex-alunos do St William’s Community Home em Market Weighton, East Yorkshire, uma instituição de apoio a menores em risco fechada em 1992 quando as dimensões do abuso perpetrado no seu interior vieram a público, processaram a diocese de Middlesbrough, mais concretamente a Catholic Child Welfare Society e a Middlesbrough Diocesan Rescue Society, e a De La Salle Brothers, uma ordem católica de professores.

Pelas descrições dos ex-alunos que tiveram a coragem de dar a cara a instituição católica era uma casa de horrores, em que os pupilos lá colocados pelo sistema social britânico eram sujeitos a abusos físicos e sexuais constantes. As queixas dos pupilos que reportaram aos assistentes sociais os espancamentos constantes, os repetidos abusos sexuais e psicológicos sofridos às mãos dos católicos mentores não foram consideradas durante muitos anos.

O irmão James Carragher, o director do centro, encontra-se correntemente a cumprir uma pena de 14 anos por abuso sexual sistemático de menores. Já anteriormente, em 1993, tinha sido condenado a 7 anos de prisão por outras ofensas de abuso sexual grave. O superintendente Richard Kerman, que conduziu a investigação no segundo julgamento, descreveu Carragher como «o homem mais malvado que alguma vez conheci».

O abuso sistemático das cerca de 2000 crianças em risco que por lá passaram teve como resultado homens amargos, sem qualquer confiança no seu semelhante, cerca de metade dos quais se encontram na prisão a cumprir pena por crimes diversos.

Algo que tem provocado indignação é o facto de nem sequer a diocese ter pedido desculpas pelo que se passou. Um porta-voz da diocese afirmou que pedir desculpas seria equivalente a admitir culpas… e com um processo judicial em curso poderia ter como consequência uma maior indemnização a pagar pela diocese.

Uma actuação na linha da do Bispo William Skylstad que, referindo-se ao escândalo da pedofilia no clero americano e pesadas indemnizações decorrentes, afirmou para os seus pares «não há dúvida, irmãos, que estes últimos anos exerceram um pesado tributo sobre nós» não só relegando para o passado os abusos sexuais de menores perpretados por padres mas sugerindo falaciosamente que a Igreja é uma vítima inocente dos seus próprios crimes. Mais preocupada em proteger padres pedófilos que crianças, ignorando as vítimas reais dos abusos sexuais, as inúmeras crianças brutalizadas por padres ao longo dos anos, a Igreja preocupa-se apenas com o dinheiro que lhe sai dos cofres (e com o que não entra devido ao escândalo) !

Como já afirmei, pessoalmente considero que a sexualidade de cada um, desde que praticada com adultos consensuais, é algo do foro pessoal e sobre a qual nunca considerei fazer juízos de valor. Mas surpreende-me sempre pela negativa e sempre o denunciarei o empenho da Igreja Católica em determinar a sexualidade de outrem, a veemência das campanhas pela abstinência e contra o preservativo, as exortações ad aeternum à castidade e virgindade, inclusive como único método de prevenção admíssivel da SIDA, quando em casa própria a única preocupação é encobrir os crimes sexuais praticados por membros do clero católico!

Assim, continuarei a denunciar estes casos enquanto a prática adoptada pela Igreja Católica continuar a ser o encobrimento do abuso sexual perpetrado por eclesiásticos, muitas vezes «recompensados» com promoções após serem de tal denunciados pelas vítimas. Como o caso do padre Neil Gallanagh, que se declarou culpado de pedofilia com os pupilos (surdos) do St John’s Roman Catholic School for the Deaf em Wetherby, West Yorkshire. O padre Gallanagh foi promovido a esta posição depois de ter sido condenado… a uma multa de 30 libras … por ter violado um rapaz de 9 anos da sua congregação de Craigbane em Derry, Irlanda do Norte, durante uma viagem à Ilha de Man.

Enquanto aqueles que denunciam e tentam ajudar as vítimas de pedofilia são… suspensos, como aconteceu a Bob Hoatson, um padre de New Jersey, que num testemunho em Maio do ano passado, se atreveu a dizer a verdade: afirmou que os responsáveis da Igreja católica têm mentido sistematicamente sobre os casos de pedofilia!