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Dia: 24 de Abril, 2006

24 de Abril, 2006 Carlos Esperança

Viva o 25 de Abril. Sempre.

Há 32 anos floriram nos canos das espingardas cravos.

De madrugada, a longa ditadura fascista, apoiada pela igreja católica, soçobrou.

Desaparecidos os mecanismos de repressão que impunham o partido único, o Deus único e o pensamento único, a Igreja católica entrou em declínio. Esvaziaram-se os seminários, despovoaram-se as missas e, ao pavor do Inferno, o País preferiu os caminhos da liberdade.

Com a rarefacção das sotainas, o anacronismo da liturgia e o desvario dos dois últimos Papas, as aldrabices dos milagres parecem cada vez mais uma tentativa desesperada de conservar a fé dos supersticiosos e a sobrevivência dos embusteiros.

Viva o 25 de Abril. Viva a República. Viva a Liberdade.

24 de Abril, 2006 Palmira Silva

Talibanização da Malásia

Num país que é suposto ser um exemplo de um país islâmico com uma relação de sucesso com o mundo moderno e em que os 40% da população não islâmica são supostos coexistir pacificamente e em liberdade religiosa, a realidade actual nega completamente estas pretensões. A islamização da Malásia continua em marcha acelerada com a destruição de um templo centenário de outra religião.

Um templo hindu com 100 anos foi arrasado na passada sexta-feira pelas autoridades municipais de Kuala Lumpur. Mais um templo da religião mais antiga do mundo destruído pela fúria intolerante de religiões muito mais recentes e cujas mitologias foram largamente inspiradas nas mitologias védicas.

Outro exemplo de como as acções do governo estão de facto a caminhar para a islamização do país tem a ver com as «leis da decência», analisadas num artigo de Zainah Anwar, «Matéria de consciência, não de polícia».

Em que este relata como todos os malaios, independentemente da religião, são obrigados a seguir um código de conduta islâmico, arriscando-se a penas de prisão, punições físicas ou pesadas multas caso não o façam. Como uma cantora que foi acusada de «insultos ao Islão» por cantar num bar que serve bebidas alcoólicas ou dois colegas de escola, um rapaz e uma rapariga, que foram condenados a 25 vergastadas cada pelo crime de falarem um com o outro em público…

Mais preocupante ainda é tendência crescente de subalternização dos tribunais federais aos tribunais da Sharia, supostamente apenas aplicáveis à população muçulmana. O que na prática impede alguém de deixar o Islão uma vez que são estes tribunais que deliberam sobre casos de apostasia. Um caso que faz manchetes na Malásia é o de Lina Joy, que se converteu ao cristianismo em 1988 e continua a ser portadora de um bilhete de identidade que a identifica como muçulmana. Que se arrisca a ser presa se entrar numa igreja ou se não observar o jejum obrigatório no Ramadão. Para além de estar impossibilitada de se casar, com um não islâmico, uma vez que o registo civil apenas casa não islâmicos e oficialmente Lina Joy é muçulmana.

24 de Abril, 2006 Carlos Esperança

A ICAR e o referendo

O Sr. Maurílio Gouveia, arcebispo de Évora, assinou a petição que pede a realização do referendo sobre a Procriação Medicamente Assistida (PMA) e apela a que «todos colaborem nesta iniciativa», refere em entrevista publicada na Newsletter do Comité Pró-Referendo PMA» – informa a Agência Ecclesia.
O Arcebispo salienta que «as novas tecnologias aplicadas à procriação artificial não podem deixar de levantar problemas éticos graves…»

Seria oportuno aproveitar o referendo para que os portugueses se pronunciassem sobre «direitos» da ICAR, em assuntos de mais fácil compreensão, perguntando aos eleitores se concordam com:

– A confissão que devassa a vida privada e interfere abusivamente na vida dos casais;

– O cárcere privado exercido em conventos sem vigilância das autoridades policiais, instituições de saúde mental e inspecções do Ministério Público;

– O fabrico de hóstias em padarias não licenciadas para o eleito, sem inspecção sanitária, prazo de validade e código de barras;

– A manutenção de água benta infecta nas pias das igrejas sem recolha de amostras periódicas destinadas ao Instituto Ricardo Jorge;

– A proclamação de milagres, sempre no exercício ilegal da medicina, sem o parecer da Ordem dos Médicos;

– O recrutamento de padres, só do sexo masculino, em contradição com a Constituição e as leis da República que impedem qualquer tipo de discriminação em função do sexo.

24 de Abril, 2006 Palmira Silva

Salman Rushdie em boa forma

Salman Rushdie esteve em Minneapolis na semana passada e pelo relato parece estar em excelente forma:

À pergunta «Quem tem o direito de contar as nossas histórias e quem decide quem as conta» respondeu «Bem, está a falar de religião, não está? Religião consiste em algumas pessoas contarem histórias para o resto das pessoas, para nós».

Quando interrogado sobre que prática espiritual utilizava para escrever respondeu «Eu não tenho alguma prática espiritual. A palavra espiritualidade devia ser banida da língua inglesa pelo menos durante 50 anos… Uma palavra que perdeu o seu significado. Já não se pode passear o cão sem o fazer de uma forma ‘espiritual’, não se pode cozinhar sem falar em espiritualidade!»

Mas a melhor da noite aconteceu quando Rushdie afirmou «Todos os mitos da criação são disparates. O Universo não foi criado em seis dias mais um para descanso… O Cosmos não foi criado pelas faúlhas causadas pela fricção de dois úberes de vacas cósmicas…»