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Dia: 7 de Abril, 2006

7 de Abril, 2006 Carlos Esperança

O centenário de S. Francisco Xavier

(Foto do enviado do Diário Ateísta a Goa)

Francisco Xavier nasceu em Navarra, faz hoje 500 anos, numa região espanhola onde o Opus Dei tem hoje uma Universidade, um hospital e imenso património financeiro e imobiliário. O Opus Dei é actualmente o que foi a Companhia de Jesus nos seus tempos áureos – uma ordem religiosa poderosa, prosélita, rica e temida.

Francisco Xavier entrou na Companhia de Jesus, alfobre de santos, apóstolos e mártires que evangelizaram o mundo. Como o deus antropomórfico dos cristãos era verdadeiro, coube a Francisco Xavier levá-lo ao domicílio a Goa, Molucas, Temate, ilha de Moro, Malaca e Japão, ao serviço do rei D. João III.

Escapou a China à sua evangelização porque Deus, carecido de almas, o chamou à sua divina presença antes de lhe arrebanhar mais fiéis.

Francisco Xavier continua morto desde Dezembro de 1552, mas é um dos santos mais prestigiados da ICAR. JP2 considerou-o «o apóstolo mundial dos tempos modernos» e apontou-o como exemplo para os missionários e para a acção evangelizadora da Igreja.

Apóstolo do Oriente e Padroeiro das Missões são alguns epítetos do taumaturgo cujo prestígio resistiu à perda do Estado Português da Índia, designação que o salazarismo atribuiu aos restos de um império onde Portugal semeava a fé e recolhia especiarias.

As comemorações do 5.º centenário do nascimento de Francisco Xavier são de grande importância para o marketing da ICAR.

Em nota pastoral, os bispos portugueses garantiram que «celebrar o V Centenário de Francisco Xavier, ilustre fundador da Companhia de Jesus, renovará nas comunidades cristãs a busca confiante da vontade do Pai, o zelo apaixonado pelo Reino inaugurado por Cristo e a responsabilidade de todos na actual largueza da missão impulsionada pelo Espírito Santo» – informou a agência Ecclesia.


Os CTT colaboraram com a emissão de dois selos comemorativos mas a falta de fé, em Goa, fez com que o corpo de Francisco Xavier, que se manteve em excelente estado de conservação durante séculos, apodrecesse nos últimos anos.

Deus esqueceu-se dele ou a ICAR perdeu a receita.

7 de Abril, 2006 Palmira Silva

Evolucionismo: mais um elo encontrado

A revista Nature desta semana dá mais uma machadada nas pretensões neo-criacionistas ou IDiotas dos fundamentalistas cristãos que pretendem que um misterioso «designer», isto é Deus, criou a vida na Terra não exactamente como a conhecemos mas com uma reduzida margem de manobra que contempla apenas a micro-evolução ou evolução dentro de uma espécie.

Os grupos de investigação de Edward Daeschler da Academy of Natural Sciences em Filadélfia, Farish Jenkins da Harvard University e Neil H. Shubin da Universidade de Chicago descrevem em dois artigos a sua descoberta de um fóssil de uma espécie (quasi) tetrápode, a que chamaram Tiktaalik roseae do nome Inuit para um peixe de águas pouco profundas. Este fóssil com 375 milhões de anos foi encontrado nos sedimentos de um antigo leito de um rio, no Ártico canadiano, a cerca de 1000 km do Pólo Norte.

Os cientistas afirmam que esta espécie é um elo na evolução de alguns peixes para animais terrestres. O Tiktaalik apresenta escamas ósseas e barbatanas mas as barbatanas dianteiras estão no processo de transformação em membros; o seu esqueleto interno apresenta a estrutura de um braço, incluindo ombro, cotovelo e pulso com barbatanas em vez de dedos. A equipa procura ainda no local um exemplar mais completo que permita avaliar o parte posterior do esqueleto da espécie.

Esta descoberta está a provocar alguma agitação nas hostes criacionistas americanas, que pretendem falsamente não existirem espécies transicionais. Nomeadamente multiplicam-se em acusações de «cientifismo», disparates sortidos e citações biblícas no post sobre o tema do blog da Nature.