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Dia: 28 de Dezembro, 2005

28 de Dezembro, 2005 Carlos Esperança

Milagres e exorcismos

Os judeus eram exímios em milagres. Sem exclusivo, gozavam de larga experiência no ramo com peritos conceituados como os profetas Elias e Eliseu e o próprio Moisés.

Melhor em curas só Asclépio, também conhecido por Esculápio, com vários templos espalhados pela Grécia onde era deus e curandeiro, tão famoso que ainda hoje empresta o nome aos médicos. Perdeu-o – diz a lenda -, a mania de ressuscitar mortos, tendo-o Júpiter fulminado a pedido de Plutão que temia que os seus reinos, os Infernos, se despovoassem.

No tempo em que Jesus nasceu, além dos milagres estavam em voga os exorcismos, imprescindíveis para expulsar demónios que procuravam o corpo dos humanos como as bactérias o intestino.

Foi nessa cultura que Jesus nasceu, quando o demo ainda não se afligia com o sinal da cruz nem se deixava intimidar com água benta. Temia os profetas e estremecia com o aramaico como mais tarde havia de fugir dos padres, da cruz e do latim.

Jesus seguiu cedo a carreira de pregador e ofícios correlativos – milagres e exorcismos.

A cura de um possesso em Cafarnaum tornou-o conhecido e em breve outros vieram para que os curasse e ele assim fez. À Galileia chegaram possessos de Jerusalém, da Judeia, da Idomeia, de além-Jordão, de Tiro e de Sídon e a todos curou.

Jesus expulsou inúmeros demónios, incluindo sete alojados em Maria Madalena, sendo-lhe mais difícil contá-los do que espantá-los.

Isaías profetizou que os leprosos seriam curados, os profetas acertam sempre, e Jesus curou os que lhe apareceram na consulta. Tempo viria, mas Jesus não sabia, em que as sulfonamidas, os antibióticos e a higiene erradicariam a doença.

O Vaticano já não adjudica milagres em leprosos, por falta de doentes, na Europa e na América latina, regiões privilegiadas na agenda das canonizações. É mais eficaz um médico de segunda do que a intercessão através do cadáver de um padre do Opus Dei ou de um mártir que na guerra civil de Espanha tivesse tomado o partido de Franco.

Hoje, perdido o caldo de cultura onde medravam Deus e o Diabo, restam famintos que estrebucham e rolam pelo chão em locais recônditos de países rurais onde os padres com a cruz e o hissope enxotam demónios, em latim, sem sacrificar porcos como Jesus soía.

Jesus foi pioneiro a atravessar a pé o mar da Galileia a caminho de Gerasa, para quem acredita em Marcos e Lucas, ou de Gadara, para quem prefere Mateus. Talvez soubesse o caminho das pedras mas o feito ainda hoje é debitado nas homilias para gáudio dos crédulos e proveito dos oficiantes.

Depois de morrer, Jesus apareceu ressuscitado a Pedro, depois aos Doze, mais tarde a mais de quinhentos, depois a Tiago, a seguir a «todos os Apóstolos» e, em último, ao próprio Paulo.

Hoje, só a Virgem se desloca em viagens de propaganda e manifestações de piedade.

28 de Dezembro, 2005 jvasco

Manobras Maquiavelicas segundo o GLOBO

«Diferentemente do que a Igreja Católica costuma ensinar, o Espírito Santo não presidiu o último conclave. O caráter político da eleição do Papa Bento XVI foi muito mais forte do que se divulgou até hoje. O cardeal alemão Joseph Ratzinger deu sinal verde para sua candidatura, mandou dizer aos colegas que aceitaria ser Papa e fez uma forte campanha nos bastidores para tornar-se Bento XVI. Chegou a contar com a ajuda de um grupo influente de cardeais conservadores como cabos eleitorais. Esses cardeais pró-Ratzinger passaram a sondar os colegas em conversas reservadas logo após a morte do Papa João Paulo II. Com isso, Ratzinger entrou para o conclave, no dia 18 de abril, praticamente eleito.

O relato foi feito por um dos quatro cardeais brasileiros que participaram da votação ? a mais secreta e misteriosa do mundo contemporâneo. O cardeal revelou os bastidores do conclave ao GLOBO sob condição de anonimato. Os que quebram o sigilo da eleição de um Papa estão sujeitos à pena máxima da excomunhão.»

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