Loading

Dia: 9 de Dezembro, 2005

9 de Dezembro, 2005 Carlos Esperança

Viva a França

Faz hoje cem anos a lei francesa da separação da Igreja e do Estado destinada a conter a influência política das religiões especialmente a da Igreja católica.

«A República assegura a liberdade de consciência » e «garante o livre exercício dos cultos» mas «não reconhece, não remunera nem subvenciona nenhum culto» diz o texto que o Papa Pio X se apressou a condenar.

Depois de séculos de monarquia absoluta, de direito divino, nasceu a cidadania plena e a igualdade dos cidadãos perante a lei. Tratou-se de conceder a liberdade religiosa a todos sem a tutela e a vocação hegemónica de uma religião sobre outra ou sobre os que não perfilham qualquer credo.

A lei que hoje comemora um século mantém actualidade plena e legitima o combate contra a demência do fascismo islâmico. A própria Igreja católica que durante duas décadas combateu a laicização iniciada em 1880 acabou por se submeter e aceitar a bondade da lei em causa.

Jacques Chirac considera-a um «pilar» que permite à França viver num «clima de liberdade, de concórdia e de tolerância religiosa», apesar do pesadelo que o proselitismo agressivo algumas vezes acorda.

São muitos os adversários do modelo francês da laicidade mas foi o abrandamento da sua vigilância que permitiu o atrevimento dos sectores mais fanáticos do islão e a cumplicidade dos católicos mais retrógrados.

Viva a laicidade. Viva a França

Fonte : Le Monde

Lei francesa

9 de Dezembro, 2005 Carlos Esperança

República e Laicidade

A associação cívica REPÚBLICA E LAICIDADE (R&L) pode ser contactada neste endereço:

[email protected]

e, se solicitar para aí a inscrição na sua lista de correio electrónico, passará a receber (sem regularidade certa) os comunicados e outros documentos difundidos pela R&L.

9 de Dezembro, 2005 jvasco

2+2=5

9 de Dezembro, 2005 Palmira Silva

Plantação de igrejas

Enquanto em países europeus se instalam capelas em centros comerciais, nos Estados Unidos a estratégia parece ser outra. Num artigo da minha opinadora favorita do Find Law’s Writ, Marci Hamilton, não só descobri qual a nova táctica proselitadora dos teocratas cristãos norte-americanos como confirmei os meus piores receios em relação ao nomeado para o Supremo Tribunal Samuel Alito.

No referido artigo, Marci Hamilton critica a decisão tomada por um juíz federal de New York que decidiu a favor da Bronx Household of Faith, num caso contra o Conselho de Educação de New York, em que o referido juiz sustem que as escolas públicas de New York não podem proibir à referida instituição cristã o uso semanal das respectivas instalações para a realização das missas dominicais, das 9 da manhã às 2 da tarde todos os domingos do ano. Ou seja, o referido juiz considera que se as escolas permitem o uso esporádico das suas instalações por outros grupos então são obrigadas a transformar-se nos templos permanentes das igrejas que assim o desejarem.

Na realidade, os cristãos evangélicos nos Estados Unidos resolveram tomar de assalto os edifícios públicos, empreendendo uma campanha conhecida como «plantação de igrejas» e a ideia é «plantar» igrejas em edifícios públicos onde elas «crescerão». Com o apoio de um Supremo Tribunal onde predominam católicos teocratas certamente que conseguirão decisões federais que apoiem as suas decisões como o caso relatado no artigo indica.

A «plantação de igrejas» não só poupa dinheiro aos já obscenamente ricos movimentos cristãos como os aproxima da clientela a proselitar, no caso das escolas públicas os estudantes e respectivas famílias.

As escolas públicas são supostas serem aconfessionais, um ponto onde convivem de igual para igual todas as crenças ou falta delas. Com esta decisão, que ameaça generalizar-se, os filhos de ateístas, agnósticos, budistas, muçulmanos, hindus, etc., vão ver a escola de todos transformadas em templos de apenas alguns.

Como termina Marci Hamilton, o caso da Bronx Household acorrentou as crianças das escolas envolvidas às aspirações hegemónicas de algumas igrejas. Não foi de facto um caso de defesa do direito à liberdade de expressão mas sim uma nova variante de proselitismo.

Este é também um caso que realça algo para que há muito alertamos no Diário Ateísta: todas as religiões são intolerantes e quando em conjunturas que o permitam mostram a sua real vertente totalitária. Porque todas as religiões se afirmam as detentoras da verdade absoluta revelada e, especialmente as religiões do livro, consideram ser uma missão divina se não a conversão pelo menos obrigar todos aqueles que não acreditam nas suas mitologias a tornarem-se submissos às emanações destas!