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Dia: 25 de Agosto, 2005

25 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Bispo de Santiago del Estero resigna

O Vaticano aceitou com um comunicado breve, sem indicar razões, o pedido de resignação do bispo de Santiago del Estero, Argentina, Juan Maccarone. Mas na comunicação social abundam as notícias que dão conta da existência de uma gravação vídeo que explicita a natureza das relações mantidas pelo piedoso bispo de 64 anos com um jovem de 23 anos.

Claro que as autoridades eclesiásticas locais negam o facto e afirmam que a resignação se deveu a motivos de saúde. Desculpa piedosa em que os jornais locais não acreditam. Aliás referem que o bispo foi transferido da sua anterior diocese em Chascomús por razões semelhantes.

O mui devoto bispo teve recentemente intervenções impressionantes de fé e obediência aos dogmas católicos (para os outros), nomeadamente denunciando, em perfeita sintonia com o seu Papa, o «sincretismo religioso» e destacando-se em coerentes e acutilantes intervenções contra os que propõem «legislação frívola» para legalizar o abominável aborto. Claro que para o piedoso clérigo é irrelevante que, de acordo com um relatório da Human Rights Watch, 50% das gravidezes na Argentina sejam interrompidas, com riscos consideráveis para as mulheres que a tal são obrigadas, já que o aborto é ilegal. Coerente com os dogmas da religião que oficiou tantas décadas certamente que o clérigo perorava que sexo só com fins procriativos, contracepção e aborto são abominações contra as quais a Igreja Católica argentina se tem destacado. Nomeadamente o «mártir» Antonio Baseotto que justamente, segundo o Vaticano, sugeriu deitarem ao mar, com uma pedra amarrada ao pescoço, o ministro da Saúde, Ginés González, que considerava descriminalizar e permitir o aborto em hospitais públicos.

Estranhamente, tal como no resto no Mundo parece que os clérigos argentinos que tanto se preocupam com a sexualidade alheia, que tanto execram a imoralidade reinante, apresentam perturbantes desvios aos dogmas que querem impor aos restantes. Assim, a resignação de um dignitário católico por… motivos de saúde… não é inédita na Argentina que já tinha sido presenteada em 2002 pela resignação de outro grande paladino de óvulos e espermatozóides, o arcebispo Edgardo Gabriel Storni que resignou sob um manto de inúmeras acusações de abuso sexual de menores, inclusive a seminaristas. Parece que muitos mais membros da delegação local da ICAR estão sob investigação após acusações de pedofilia.

Pessoalmente considero que a sexualidade de cada um, desde que praticada com adultos consensuais, é algo do foro pessoal e sobre a qual nunca considerei fazer juízos de valor. Mas surpreende-me sempre pela negativa e sempre o denunciarei o empenho da Igreja Católica em determinar a sexualidade de outrem, a veemência das campanhas pela abstinência e contra o preservativo, exortando à virgindade ad aeternum mesmo em países devastados pela SIDA, quando em casa própria a única preocupação é esconder os resultados dos seus dogmas contra natura!

25 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Crested Salamander 1- Ratzinger 0

Aparentemente a popularidade de Bento XVI na Alemanha está pelas ruas da amargura. Tão na amargura que os hábitos de acasalamento de salamandras, sapos e abelhas prevaleceram sobre os desejos do Papa. Assim, a apoteose das JMJ em Colónia, a missa de encerramento prevista para a Cova dos Missionários, «Missionarsgrube», localizada numa colina perto de Colónia, teve de ser realizada em Marienfeld, uma antiga mina de carvão.

De facto, a Spiegel informa-nos que a Sociedade Alemã para a Protecção do Ambiente interpôs uma acção em nome das salamandras que impossibilitou a utilização da Cova dos Missionários para tão piedosa manifestação. A pouco adequadamente (para batráquios e insectos, pelo menos) denominada Cova dos Missionários é um dos lugares de eleição das salamandras para práticas sexuais, predilecção compartilhada por sapos e abelhas, e assim os jovens, menos jovens e o Papa tiveram de se deslocar para um local menos aprazível!

25 de Agosto, 2005 Carlos Esperança

O antifascista Bento XVI

A ICAR sofre de amnésia, o que lhe permite refazer a história e adaptar-se, com o habitual atraso, à democracia e à República.

O Diário Ateísta tem denunciado, com frequência, a cumplicidade de Pio XII com o nazismo e o anti-semitismo que herdou de Pio IX, que chamava «cães» aos judeus.

Agora, que os propagandistas de serviço da ICAR começaram a espalhar o boato de que B16 (isto é, a ICAR) é contra o fascismo, convém desmascarar o farsante.

Como refere a Palmira, B16 diz que à falta de crença religiosa se segue inevitavelmente o fascismo, quando os ditadores fascistas eram excelentes católicos.

Em Itália, o líder do fascismo, Benito Mussolini tomou o poder com o apoio activo da Igreja católica. Pio XI declarou numa missa solene em sua honra que «Mussolini é um homem que nos foi enviado pela Providência Divina» – entidade tão infalível como ele.

Em troca da ajuda, o ditador assinou os «Acordos de Latrão» que restituíram os Estados Pontifícios à Santa Sé e reconheceu a doutrina católica como primordial em Itália. (28/X/1922). Em certa medida o Estado do Vaticano é herança do fascismo.

Em 23 de Fev. de 1981 estava casualmente reunida a Conferência Episcopal Espanhola quando o ten. cor. Tejero Molina tentou um golpe fascista. Nem o Papa, nem o Núncio, nem os bispos o condenaram. Limitaram-se a aconselhar o povo a rezar. Felizmente que as orações foram inúteis e a democracia se salvou.

Quem apoiou Franco, Salazar, Mussolini e os ditadores fascistas sul-americanos, todos tementes a Deus, excelentemente confessados, bem comungados e frequentadores do culto?

B16 desautoriza o bispo das Forças Armadas argentinas que apela à eliminação física dos partidários da despenalização do aborto, deixando-os cair dos aviões, como fazia a ditadura militar aos adversários?

A ICAR, por uma concordata, dá indulgências plenárias, bênçãos especiais, lausperenes e lugares privativos no Paraíso.

B16, apilairado com o hábito talar garrido e de fino corte, depois das últimas bênçãos em Colónia, com as delongas que conferem grandeza aos sinais cabalísticos com que convenceu os néscios de que ficam purificados, regressou a Roma.

Para branquear o passado da ICAR e garantir-lhe a sobrevivência.

25 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Fascismo segundo Bento XVI

Nos últimos tempos Bento XVI tem sido presença constante nos media nacionais (à exaustão) e internacionais. Não só pelo circo evento Jornadas Mundiais da Juventude, em que rejeitou a «religião faça você mesmo» ou por esperar obter imunidade diplomática no processo em que é acusado de encobrimento de casos de abuso sexual de menores.

De facto, Bento XVI tem andado muito fértil em declarações no mínimo discutíveis. Assim depois de recomendar os crufixos e demais iconografia católica como remédio «santo» para todos os males que afligem a Europa, Ratzinger Bento XVI iguala o ateísmo ao nazismo. Recorrendo à sua experiência com o nazismo (de que ninguém duvida) Bento XVI compara este com a «democracia liberal» (que suspeito ser algo de que sabe pouco) afirmando que à falta de crença religiosa se segue inevitavelmente o fascismo.

Curiosamente não me lembro de algum regime fascista que não tenha sido profundamente religioso e apoiado pelo Vaticano. Na realidade, os únicos casos em que a uma democracia liberal se seguiu um regime fascista ocorreram depois dos responsáveis eclesiásticos apelarem a golpes de estado contra as tão execradas «democracias liberais». Como o caso de Espanha em que o Papa Pio XI exorta, em 1936, os católicos espanhóis a lutarem lado a lado com Franco na «difícil e perigosa tarefa de defender e restaurar os direitos e a honra de Deus e da Religião». Ou a «Marcha da Família com Deus pela Liberdade», organizada pela hierarquia da Igreja Católica brasileira e por grupos de direita que marcou o início do golpe de estado que destituiu o presidente eleito João Goulart e deu início a 21 anos de ditadura militar (mas crente) no Brasil.

25 de Agosto, 2005 Palmira Silva

Talibum Robertson em negação

Depois de mais umas afirmações inconcebíveis, neste caso depois de ter sugerido o assassinato do presidente eleito da Venezuela, o piedoso reverendo Pat Robertson, que tanto vocifera contra o abandono da moral e bons costumes nos Estados Unidos, que conjuntamente com o «pai» dos teocratas nos Estados Unidos, Jerry Falwell, culpou os homossexuais e ateístas pelos atentados de 11 de Setembro, mete as mãos pelos pés ao tentar justificar as suas afirmações de segunda-feira.

Primeiro durante uma emissão do programa «The 700 Club» da CBN (Christian Broadcast Network) negou ter pedido o assassinato de Chavez e afirmou que tudo não passou de uma má interpretação das suas palavras pela imprensa (certamente ateus mal intencionados) e que ele de facto queria dizer rapto e não assassinato. Depois de confrontado com as suas palavras, que não deixam margem para más interpretações, emitiu um comunicado de imprensa pedindo desculpa por afirmações que considera resultantes da frustração que sente em relação à situação. Mas no seu pedido de desculpas compara Chávez a Saddam Hussein e Adolph Hitler

Quiçá Pat tenha nos últimos tempos visitado o seu amigo Henry Kissinger, acusado de ajudar a raptar e assassinar vários lideres sul-americanos nos anos 70, no que foi denominado Operação Condor. Nomeadamente o general chileno Rene Schneider, raptado e assassinado como preparação para o golpe de estado que terminou na morte do presidente democraticamente eleito Salvador Allende. Golpe de estado que marcou o início dum período negro no Chile com a tomada do poder pelo «piedoso» e mui católico Pinochet! Certamente mais ao gosto de Pat Robertson…

Entretanto os democratas reclamam que a administração Bush denuncie as declarações de Robertson, um proeminente republicano e líder da base evangélica do partido. O democrata Gregory Meeks afirmou que «É uma pena que a condenação mais forte do Departamento de Estado a este tipo de violação da lei americana pelo líder da base evangélica do Partido Republicano, um conhecido tele-cristão e um candidato à presidência em 1988, seja apenas ‘desapropriada’»