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Dia: 25 de Julho, 2005

25 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Guerra à civilização

«O cristianismo e o islão não estão em guerra» – lembra o Papa Ratzinger, e tem razão. A guerra é entre a fé e a civilização, entre o Corão e a liberdade, entre a louca devoção a Alá e o ódio intenso à democracia.

O cristianismo compreende o islão, são faces da mesma moeda. O sonho do Vaticano é transformar a Europa e, se possível, o mundo num imenso califado submetido ao Papa, a regressar aos jejuns, a encher as igrejas, a frequentar os sacramentos e a transformar o direito canónico em fonte do direito civil.

O Papa, este inquisidor autoritário, considera ditaduras as formas de Governo que ignorem a lei de Deus, um código vago e violento, de cuja chave se considera detentor, e que procura impor através de uma multidão de clérigos prontos para a jihad católica, à semelhança, aliás, do que pensa e pratica o fundamentalismo metodista.

Só os Estados secularizados açaimaram os exércitos de padres, freiras, monsenhores, cónegos, bispos e cardeais, receosos de arriscar o bem-estar em batalhas de resultado incerto.

Na Europa, América e África pululam agremiações de duvidosa virtude e reconhecida raiva à laicidade. Legionários de Cristo, Focolares, Comunhão e Libertação, Carismáticos, Regnum Cristi, Neocatecumenais, Opus Dei e outras matilhas de Deus, ávidas de proselitismo, famélicas do Paraíso.

A América do Sul, para onde o Vaticano exportou e refugiou próceres do nazismo, tem sido o campo de treino dos mais agressivos movimentos católicos que apoiaram e sustentaram execráveis ditaduras e combatem as tímidas tentativas democráticas de libertação das sotainas.

A separação da Igreja e do Estado é nos países sul-americanos uma tarefa urgente e difícil que tem no Opus Dei o principal adversário e nos seus padres e membros uma corja vigilante a impedir a modernização, o progresso e o laicismo.

A superstição e a ignorância são aliados naturais do poder clerical. Os poderosos encontram na ICAR o instrumento de dominação dos pobres e os cúmplices na manutenção das desigualdades.

25 de Julho, 2005 jvasco

A prova que ainda nos falta apresentarem

De entre as várias «provas» que os crentes nos vão apresentando, de entre as várias «provas» que os grandes teólogos foram escrevendo ao longo da história às quais temos tido acesso, não há uma que não seja um conjunto de falácias gritantes, um mero jogo de palavras, ou, na melhor das hipóteses, nenhuma destas, mas ainda assim refutável (por se assentar numa falácia subtil e não em várias grosseiras, por exemplo).

No entanto, ainda nunca me tinha sido apresentada esta brilhante «prova» da existência de Deus, portanto aqui fica ela:

Hipótese: Deus existe

Prova:
1- Se a prova existe, a hipótese é verdadeira.
2- A prova existe: é a que está a ser lida.

De 1 e 2 se conclui que Deus existe.
QED

Devo dizer que esta «prova» é mais sólida do que muitas das outras que me têm sido apresentadas.

PS- A ideia não é minha

25 de Julho, 2005 Carlos Esperança

O momento Zen da Segunda-feira

João César das Neves (JCN) raramente poupa os leitores à homilia do Diário de Notícias. Hoje usou como título as palavras habituais do charlatão que criou a religião de que é prosélito: «em verdade, em verdade vos digo».

Desta vez,o pretexto foi mais um filme bíblico, neste caso baseado no «Evangelho segundo S. João». É uma das quatro histórias que deram origem à cisão do judaísmo, impregnada de fulgor anti-semita que a concorrência recente levou ao exagero e à demência.

JCN aproveita para debitar aquelas frases estúpidas que os crentes atribuem a Deus e que julgam ter um conteúdo profundo. Eis um exemplo deplorável de indigência mental: «Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo que os que não vêem vejam, e os que vêem fiquem cegos» (Jo 9, 39). JCN acha que isto é profundo e se trata de uma mensagem divina.

JCN exulta e exalta-se com a subserviência da realização às patranhas bíblicas. «A produção segue fiel e simplesmente o texto do Evangelho» – afirma. Acresce que acredita no que diz, beato desvairado que não se contenta em buscar o Paraíso para si, mas pretende servi-lo, ao domicílio, aos incréus.

Diz JCN: «Cristo não tem um discurso contemporizador e tolerante, mas intenso e decisivo. Ele exorta, divide, condena, arremete». Isto é uma acusação de um devoto, que poderia dizer de tais dislates um inveterado ateu?

Depois cita de novo o vendedor das ilusões: «Se não crerdes que Eu sou, morrereis nos vossos pecados” (Jo 8, 24). “A obra de Deus é esta: crer naquele que Ele enviou” (Jo 6, 29). Livra! Ameaçador, chantagista e assustador – um vendedor da banha da cobra a impor-se pela violência.

JCN, na sua devota superstição termina a homilia desta segunda-feira com estas palavras: «Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigénito de Deus. E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3, 17-19).

Vejam como nos julga e ameaça este papa-hóstias e adorador de todos os biltres que chegam a Papas da ICAR.