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Dia: 3 de Julho, 2005

3 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Viva a França

A França assinla hoje o primeiro centenário da lei da separação da Igreja e do Estado, votada há cem anos pela Câmara dos deputados, e cujas comemorações terão lugar no último trimestre deste ano.

A lei mantém-se e está na base da liberdade religiosa que a França assegura a todos os cidadãos quer professem ou não uma religião.

Quando da aprovação da referida lei as relações entre o Vaticano e a França foram cortadas e houve uma forte contestação pelos sectores mais retrógrados da Igreja católica e uma permanente conspiração do Vaticano contra a laicidade de que a França foi pioneira.

Hoje são os próprios bispos franceses a reconhecerem que a lei se deve manter e, apenas, procuram habilmente obter alguns privilégios para a Igreja católica de que, no fundo, são incapazes de abdicar.

A França foi neste capítulo verdadeiramente inovadora e criou as bases para um sistema democrático que só é possível com a separação entre a Igreja e o Estado.

Hoje é o paradigma das democracias e a vacina para evitar as guerras religiosas que ao longo dos séculos dilaceraram a Europa.

Perante os tristes exemplos no Islão político, a mais patética manifestação de fascismo religioso com total ausência de direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, sujeitos ao poder discricionário dos clérigos e à vontade de um livro anacrónico – o Corão -, há boas razões para estarmos gratos aos deputados franceses de 1905.

Viva a França.

3 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Milagres encomendados no México

«A Conferência Episcopal Mexicana está a trabalhar afincadamente na recolha de todas as informações e eventuais milagres que possam ajudar ao rápido avanço da causa de beatificação e canonização de João Paulo II, inaugurada oficialmente no passado dia 28 de Junho. O Papa polaco visitou este país por seis vezes e tinha com os mexicanos uma relação de profunda empatia» – informa a Agência Ecclesia.

Algumas observações:

1 – É um desperdício arranjar mais milagres para canonizar o cadáver. Vão sobrar milagres para a beatificação e canonização, há muito decididas;

2 – A alegada empatia de JP2 pelos mexicanos é a forma de ser de um vendedor perante um bom cliente;

3 – As seis viagens devem-se ao facto de JP2 gostar de viajar e ver no México um bom mercado para a religião de que foi durante muitos anos Director de Marketing e Director Geral;

4 – Os bispos mexicanos aproveitam a oportunidade para mobilizar os crentes e continuarem a exercer a influência política, económica e social de que gozam no México.

5 – As Igrejas, em geral, e a católica, em particular, comportam-se como as outras empresas na luta pela quota de mercado e pelo aumento das vendas.