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Dia: 16 de Junho, 2005

16 de Junho, 2005 Carlos Esperança

Exposição ao M .A. I.

Sr. Ministro de Estado e da Administração Interna
Dr. António Costa — Lisboa

Excelência:

Carlos Esperança, residente na Freguesia de Santo António dos Olivais, em Coimbra, eleitor n.º 1675, vem expor e solicitar o seguinte:

1 – Grassa na cidade de Coimbra uma onda de tal santidade que levou o presidente da Câmara, Carlos Encarnação, a baptizar a Ponte Europa com o nome de Rainha Santa Isabel;

2 – Uma procissão católica recente (creio que do Corpo de Deus) contou com a presença e terminou com uma homilia do dito autarca, temendo eu que, de futuro, em vez da gestão do Concelho, que lhe cabe, passe o pio edil a dedicar-se a tarefas religiosas e à salvação da alma;

3 – Nada tenho contra a presença particular nos actos litúrgicos mas vejo a laicidade do Estado ameaçada quando o autarca participa na qualidade das funções que exerce;

4 – Agora, a Junta de Freguesia passou a exibir um imenso painel na ampla parede que dá para a via pública com uma enorme imagem de Santo António e encimada com os seguintes dizeres: «António, cidadão de Coimbra». Ao fundo destacam-se as letras garrafais de «Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais».

Em face do exposto, venho solicitar a V. Excelência, senhor ministro António Costa, o seguinte:

a) Que peça à diocese de Coimbra para colocar numa das paredes da Igreja de Santo António, sita no lado oposto do largo que a separa da Junta de Freguesia, um painel de dimensões equivalentes onde se leia: «Afonso Costa, Lente da Universidade de Coimbra», com a foto de igual tamanho à do santo.

b) Na impossibilidade de se prestar homenagem ao antigo primeiro-ministro nas paredes da Igreja, que seja mandado retirar o painel do Santo, da Junta de Freguesia, para evitar a promiscuidade entre a autarquia e a sacristia.

Certo de que o País não deve menos ao estadista do que ao Santo, confio no ministério da Administração Interna para exigir o respeito pela laicidade do Estado e preservar o pudor republicano.

Apresento-lhe respeitosos cumprimentos e saudações laicas e republicanas.

16 de Junho, 2005 Carlos Esperança

O funeral de um ateu

O criador e produtor do Licor Beirão faleceu ontem na Lousã aos 89 anos.

Segundo informa o «Diário as Beiras», de hoje, na secção «Notas do Dia», o industrial José Carranca Redondo era « republicano, ateu e anti-clerical», virtudes que não o livraram da afronta de se encontrar na Capela Mortuária da Igreja Matriz da Lousã, até às 17h00 de hoje, onde os vivos lhe desrespeitaram a memória com uma missa de corpo presente.

A ICAR, sempre que arranja pretexto para celebrar uma missa, é como um proxeneta a explorar uma prostituta. Não tem piedade.

Em 1951, perante a aldrabice do Diário de Notícias que, na primeira página, noticiava a presença de mais de um milhão de pessoas em Fátima, para assinalar o ano santo, Carranca Redondo escreveu ao DN uma carta que nunca seria publicada.

Vale a pena recordar, a argumentação do saudoso ateu:

«Eram precisos por exemplo 50 mil automóveis para transportar 200 mil pessoas e não havia esse número de veículos em Portugal. Para transportar as mesmas 200 mil pessoas eram necessários cinco mil camionetas de 40 lugares cada uma para os transportar, e não havia esse número em Portugal. O mesmo acontecendo com os comboios, por exemplo.

Se o recinto do santuário tem 250 metros de largura por 400 metros de cumprimento não podem concentrar-se mais de 200 mil pessoas em movimento».

Fonte: Diário as Beiras

16 de Junho, 2005 Palmira Silva

41 anos depois

O pastor segregacionista Edgar Ray Killen foi finalmente acusado da morte de três defensores dos direitos civis da comunidade negra do Mississipi, cometidos no longínquo ano de 1964. O devoto membro do Ku Klux Klan, que se considera em paz com Deus, foi a julgamento em 1967, com mais 17 réus, acusados de violar os direitos dos três acusados. Sete dos réus foram à época condenados a penas até seis anos de prisão. Edgar Ray Killen foi considerado não culpado. O elemento do júri que votou pela inocência do réu confessou mais tarde ser incapaz de condenar um devoto pastor.

De facto, Killen e outros pastores cristãos usavam os púlpitos para recrutar membros para a sinistra ordem, os cavaleiros «místicos» que hoje recolhem fundos para o auxiliar, afirmando que Deus sancionava as suas acções.

16 de Junho, 2005 Palmira Silva

A pequena pedra

O fundador do culto apocalíptico cristão a Ordem de Santo Charbel, William Kamm, que reclama uma linha directa com o panteão católico, Maria, José, Cristo e, em algumas ocasiões, vários anjos e demais criaturas celestiais, estabeleceu a sua autoridade com profecias sortidas transmitidas por estas divindades cristãs, com especial incidência pela «virgem» Maria.

Como em tantos outros cultos apocalípticos estas profecias referem-se ao fim do mundo, com referências ao estado deplorável da Igreja católica actual e à sua «liberalização». Aliás, William Kamm, ou a pequena pedra, pretende que a «Virgem» lhe anunciou ser ele o sucessor de João Paulo II, não o oficial, que seria o anti-Cristo, mas o espiritual. Com uma missão delicada divinamente predestinada: ser o pai da humanidade que sobreviverá ao apocalipse (que ele já previu por diversas ocasiões…) por intermédio da sua progenitura com 12 rainhas e 72 princesas.

A explicação de como a «Virgem» suspendeu as leis normais católicas, nomeadamente as respeitantes ao adultério e à (hiper)abundância de consortes, por mor da sua missão sagrada foi transmitida pela televisão nacional australiana em Novembro de 1997, (no programa 60 Minutes, TCN Channel 9), e, em 1 de Janeiro de 1998, reafirmou a sua obediência aos preceitos católicos numa carta pública que afirmava ser o seu adultério permitido pelo papa Inocêncio III.

Aparentemente a justiça australiana não reconheceu as revelações divinas e a pequena pedra está a ser julgada por crimes sexuais, nomeadamente acusado por uma das «escolhidas» para tão honrosa distinção, que tinha 15 anos à altura da benesse. Embora não seja a primeira vez que a pedra vai a julgamento por casos semelhantes, espera-se que desta vez seja condenado!

Já desde 2000, data do massacre em Kanungu, se suspeita que a pequena pedra foi o inspirador do líder desse outro culto apocalíptico, o Movimento para a Restauração dos Dez Mandamentos de Deus, o actualmente em parte incerta Joseph Kibwetere.