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Dia: 12 de Junho, 2005

12 de Junho, 2005 Mariana de Oliveira

Ser beato ou não ser

De acordo com uma fonte da Santa Sé, foi constituída uma comissão no Vaticano «para reexaminar o dossiê do padre Dehon».

O padre Léon Dehon, fundador da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, que conta com mais de 3000 adeptos por todo o mundo, devia ter sido beatificado no passado dia 24 de Abril, mas a morte de João Paulo II obrigou ao cancelamento da cerimónia.

Agora, a comissão deverá analisar as acusações de anti-semitismo que surgiram algumas semanas antes da beatificação. Por exemplo, numa conferência, em 1897, o padre declarou: «os judeus são um perigo para a religião, para a propriedade e a liberdade, para a pátria (..). Eles são cosmopolitas e não podem nunca ser sinceramente patriotas». No seu catecismo social (1898), afirma que os «povos cristãos» são «invadidos e dominados» pela «influência judia».

As afirmações anti-semitas completam-se com uma análise da franco-maçonaria, que até teve direito a um livro: «Le Plan des Francs-maçons en Italie et en France», cuja intenção é a denúncia de uma pretensa conspiração daquela organização que, de acordo com Dehon, era uma «daquelas sociedades secretas ao serviço de Satã que têm como objectivo, mais ou menos velado, a destruição da Igreja fundada pelo nosso divino redentor».

Esta polémica junta-se agora com a questão da beatificação de Pio XII, que se manteve ensurdecedoramente calado aquando da exterminação dos judeus pelos nazis.

12 de Junho, 2005 Mariana de Oliveira

Curso de Verão

Entre 13 e 21 de Julho vai realizar-se, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, um curso de Verão intitulado «Religion and International Law: Past and Present».

Os temas principais são os seguintes:
– «As if God existed» – Religion and International Law in History
– The Global Resurgence of Religion Facts Statistics and Analysis
– Religion and Literature in International Law Standard Texts
– The Religious Foundations of the Idea of Human Rights
– The Global Religious Resurgence and International Law
– Religious Freedom in the European Court of Human Rights
– International Law, Global Ethic And the Universability of Human Rights
– God, Global Public Health and International Law
– Secularism, Conscience, Religious Symbols and the Public Sphere
– Jewish Influence on International Law and Human Rights
– Judaic Sources of Democracy
– The Functions of Religious Freedom In a Religiously Divided World
– The French Ideal of «Laicité» and International Human Rights Law
– Religion, Neutrality and European Integration
– Religious Activism, NGO?s and International Popular Mobilization

A língua de trabalho será o inglês e as inscrições terminam no dia 1 de Julho.

12 de Junho, 2005 Mariana de Oliveira

Perdidos e achados

O secretário pessoal do ex-Papa João Paulo II, o bispo Stanislaw Dziwisz, afirmou que, ao contrário das instruções que recebera, não queimou os documentos pessoais de Karol Wojtyla.

No testamento, JP2 pediu expressamente: «Que os meus apontamentos pessoais sejam queimados». Mas Dziwisz considerou os papéis um grande tesouro que deveria ser «guardado e preservado para a posteridade». Afinal, o que interessa o cumprimento de uma vontade póstuma?

O agora arcebispo de Cracóvia assegurou que as notas pessoais do defunto pontífice serão divulgadas ao público de forma gradual, acrescentando que tais documentos poderão ajudar no processo de santificação aberto por Ratzinger, também conhecido por Bento XVI.

Portanto, aguardaremos impacientes o desvelar de tais textos que, de certeza, conterão precisosos ensinamentos que mostrarão que João Paulo II era um Papa sábio, tolerante, ecuménico e que gostava muito dos jovens.

12 de Junho, 2005 Palmira Silva

Ameaça IDiota na Europa contra ataca

Depois de desautorizada pelos seus colegas do partido democrata cristão da ideia peregrina de realizar um debate sobre criacionismo, versão desenho inteligente (ID), versus evolucionismo, com o fim de introduzir o primeiro nos curricula escolares, a ministra holandesa da Educação, Cultura e Ciência, Maria Van der Hoeven, continua a cruzada em prol da sua visão (blasfema) de ciência. Visão que é coincidente com a dos criacionistas que escreveram a proposta para os standards de ciência no estado do Kansas. Que é simplesmente uma forma encapotada de poder transmitir aos estudantes que explicações não naturais ou sobrenaturais são parte integrante da ciência e que Deus(es), qualquer que seja, é uma hipótese em ciência. O que é obviamente um absurdo!

Depois de os seus colegas de partido e os parlamentares holandeses terem afirmado que não estão interessados na regressão científica a que tal debate corresponderia, a esforçada ministra avançou com uma manobra populista e demagógica que, segundo ela, justificaria, se não mesmo exigiria, tal debate. Manobra que, se não for desmascarada como um pretexto espúrio para o real objectivo de introduzir o criacionismo nos curricula escolares, pode enganar os mais incautos, se considerarmos o clima de tensão religiosa que se vive na Holanda desde o assassinato de Theo van Gogh.

Assim, a ministra afirma que se conseguiria uma melhor integração dos muçulmanos holandeses se os curricula escolares, nomeadamente os científicos que incluem o evolucionismo, não fossem vistos como contradizendo o Corão. Mas na realidade o debate ciência versus religião não é sequer considerado pelos religiosos islâmicos, que não encaram o evolucionismo como a ameaça à religião que constitui para os fundamentalistas cristãos. Ou seja, não é o ensino do evolucionismo que impede a integração dos muçulmanos na Holanda. O ensino do evolucionismo só é considerado um «proselitismo» ateu pelos cristãos não pelos islâmicos, mesmo os mais fundamentalistas!