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Dia: 23 de Novembro, 2004

23 de Novembro, 2004 Mariana de Oliveira

Malta anti-ateísta

O número de ateus ou de pessoas que seguem uma vida sem a cognoscência de Deus está a aumentar em Malta. Quem o afirma é o arcebispo Joseph Mercieca, que advertiu que a sociedade maltesa está a brincar com o fogo, não precisando, no entanto, se existe algum plano divino para castigar os cidadão do novo Estado-membro da União Europeia através da imolação.

O arcebispo disse que, de acordo com os ateus, as revelações morais que iluminam a doutrina da Igreja Católica devem ser postas de lado da vida pública e remetidas apenas para o foro privado. Os ateus defendem, segundo ele, que os princípios católicos não devem influenciar um juízo moral sobre a política e os assuntos do Estado. Por acaso, o prelado não deturpou grandemente algumas das bases do pensamento ateísta.

Ora, estas posições são más posições. Porquê? Porque «são ensinamentos baseados numa compreensão errada da natureza humana. Os seres humanos são criados à semelhança de Deus e só através dele eles atingirão a realização». O senhor bispo esqueceu-se de que o ateísmo faz parte da natureza humana uma vez que o Homem nasce sem crenças só as adquirindo através da educação e do contacto com a sociedade. Quanto à semelhança com Deus, esta ainda não foi provada já que este nunca se dignou a aparecer para tirar teimas.

23 de Novembro, 2004 Carlos Esperança

Ainda Rocco Buttiglione

Os bispos reunidos na Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE), saudaram a nova Comissão Europeia, felicitaram Durão Barroso e referiram-se ao caso Rocco Buttiglione – segundo a Agência Ecclesia, instrumento da ICAR e voz fidelíssima do Vaticano.

Analisemos as meias verdades e as mentiras descaradas do colectivo dos prelados da COMECE:

1 – Referem-se «os Bispos», todos da ICAR, como se não houvesse espécimes equivalentes nas outras igrejas cristãs.

Lamentam, referindo-se a Rocco Buttiglione, a polémica em torno do que chamam «intolerância face às crenças pessoais do comissário designado», quando a intolerância é do pio militante de uma obscura seita de extrema-direita, «Movimento Comunhão e Libertação», que cultiva um forte preconceito para com os homossexuais e um torpe desprezo pela condição da mulher.

Esquecem que, em quaisquer circunstâncias, a reprovação do indigitado comissário europeu foi feita pelo único órgão com legitimidade democrática – o Parlamento Europeu -, instituição que, pese embora aos bispos, tem mais legitimidade do que Deus e o papa, ambos a ocuparem cargos com duvidosa legitimidade e sem nunca se terem submetido a eleições.

2 – «Eles exigem que a liberdade de religião e de expressão religiosa, acordada pelo Tratado Constitucional, seja inteiramente respeitada e assegurada em todas as instituições europeias na União alargada» – lê-se no comunicado final da assembleia plenária dos Bispos da UE. (Uma vez mais a Ecclesia refere assim os bispos católicos).

Ora a liberdade religiosa não está em causa em nenhum Estado da UE. Está, sim, no Vaticano, único Estado europeu não democrático, confessional e totalitário. Onde há problemas religiosos não é por causa do Estado laico, é por causa da vocação totalitária da religião dominante, problemas que só o aprofundamento do laicismo enfrenta com sucesso.

Por curiosidade, refira-se que o comunicado referido foi assinado em nome da CEP, pelo virtuoso e casto bispo do Funchal que perdeu o secretário particular, padre Frederico, pedófilo praticante, condenado a vários anos de prisão por assassínio de um jovem, tendo fugido para o Brasil numa das saídas precárias da prisão.