Loading

Dia: 6 de Setembro, 2004

6 de Setembro, 2004 Mariana de Oliveira

ENA2 na imprensa IV

Ateus portugueses vão ter associação nacional

Encontro Participantes aprovaram moção contra a Concordata Ensino da

religião não reuniu consenso na segunda reunião nacional

A constituição de uma Associação Ateísta Portuguesa foi aprovada, ontem, durante o segundo Encontro Nacional de Ateus que se realizou em Lisboa. De acordo com Ricardo Alves, um dos promotores e membro fundador da Associação República e Laicidade, o objectivo dessa associação passará pela defesa “dos valores ateístas”, tais como “o direito a não ter religião” e a ser “tratado de forma igual”.

Ricardo Alves considera que há desigualdade de tratamento quando o Estado financia o ensino da Religião e da Moral Católica nas escolas públicas. O encontro acabou por não reunir consenso quanto a essa questão: “Não chegámos a acordo sobre se deveríamos exigir o fim do ensino da Religião e Moral nas escolas públicas ou reivindicar o ensino do ateísmo em iguais circunstâncias”, disse. Por unanimidade e aclamação, foi aprovada uma moção contra a nova Concordata. O contrato entre o Estado Português e o Vaticano, na opinião dos ateus, atribui “direitos específicos a um grupo de cidadãos e a uma Igreja”, para além de se tratar de um “acordo internacional que fica fora do jogo democrático e que só pode ser alterado por consentimento mútuo”. Os ateus defendem uma separação clara entre o Estado e a Igreja e opõem-se à existência de qualquer concordata.

Em Dezembro deste ano, será realizado um novo encontro nacional de ateus para aprovação dos estatutos da nova associação. Até lá, segundo Ricardo Alves, para além do debate travado na Internet através do site www. ateísmo.net, vão ser publicados textos sobre “cultura e valores ateístas”. Nos sensos de 2001, 250 mil pessoas declaram não ter qualquer religião.

in Jornal de Notícias, 05 de Setembro de 2004

6 de Setembro, 2004 Carlos Esperança

Emídio Guerreiro – um português de excepção

Comemora hoje o 105.º aniversário uma das mais fascinantes figuras do nosso tempo. Foi um lutador anti-fascista, co-fundador e presidente do PPD, hoje PSD, partido de que se afastou devido à sua posterior transformação num «partido de direita» – segundo afirma.

Combateu contra Franco na guerra civil de Espanha, ao lado da República, exilou-se em França onde resistiu ao Governo traidor de Vichy, apoiou os movimentos contra Salazar e manteve sempre uma intervenção cívica exemplar. Nem o campo de concentração, nem a condenação à morte, nem o exílio, transformaram este notável professor de Matemática num homem ressentido ou vingativo.

Continua um humanista que na entrevista hoje dada ao Diário de Notícias, afirma que «A (…) Concordata está manchada por um favoritismo à Igreja Católica».

Feliz aniversário, Professor Emídio Guerreiro.

6 de Setembro, 2004 Carlos Esperança

Terrorismo cego

A brutal carnificina que se seguiu ao sequestro de centenas de crianças na escola de Beslan, na Ossétia do Norte, é um acto de demência e desespero de quem despreza a vida humana e odeia a civilização.

Por mais que nos esforcemos, não há ângulo à luz do qual possamos compreender tamanha crueldade, tão obscena demência, tão hediondo crime. Os terroristas tchechenos conseguiram os mais sinistros objectivos com a mais explosiva das misturas: a religião e o nacionalismo. Não bastava a loucura própria, juntaram-lhe o ódio divino.

A motivação religiosa dos crimes só reforça a determinação dos ateus na luta contra o fascismo islâmico e o radicalismo de qualquer igreja. Perante as centenas de vítimas e o sofrimento das suas famílias, fica a nossa profunda solidariedade que, embora sem procuração, quero exprimir em nome de todos os ateus, em geral, e do «Diário de uns Ateus», em particular.