Loading

Dia: 5 de Maio, 2004

5 de Maio, 2004 Carlos Esperança

O Iraque vai de mal a pior

A tortura usada pelas forças da coligação que invadiram o Iraque era a nódoa que faltava à alegada superioridade moral da civilização de que se reclamam.

O islão entrou em declínio após a última grande potência islâmica – o Império Otomano – e atingiu o seu ponto mais baixo no primeiro quartel do séc. XX com a colonização pelo Ocidente de grande parte do mundo árabe.

Recentemente a frustração pela pobreza e subdesenvolvimento, apesar dos amplos recursos energéticos, agravada pelo fracasso militar em relação a Israel, agravou o ressentimento e a fé.

O laicismo, imposto à Turquia por Mustafa Kemal Ataturk, que ergueu sobre os escombros do Império Otomano, está ainda longe da consolidação.

Os clérigos em vez de modernizarem o Islão islamizam a modernidade num eterno retorno ao obscurantismo.

A persistência do problema da Palestina é mais uma acha na fogueira do ódio que consome o Médio Oriente. Ariel Sharon e a administração Bush procuram agravar as coisas. Fazem mal tudo aquilo de que são capazes e da pior forma.

No Iraque continuar a ocupação é agravar o desastre, sair é apressar a tragédia. Derrubou-se uma ditadura laica, apoiada por sunitas, que oprimia os xiitas, para criar um estado teocrático onde os xiitas não prescindem de oprimir todos e, em particular, os sunitas.

Deus não é propriamente um entusiasta da democracia e os clérigos são sempre contra.

Se uma só religião fosse verdadeira não eram todas falsas.