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Dia: 21 de Abril, 2004

21 de Abril, 2004 Carlos Esperança

A Senhora de Fátima queixou-se a um redactor do «Diário de uns ateus»

Há dias estava a documentar-me sobre a história do ouro nazi e ouvi uma voz. Não duvidem. Enquanto lia, ouvi coisas mais sensatas e verosímeis do que a Irmã Lúcia:

«Não fiques admirado. Isto é a ponta do iceberg. Já te esqueceste que foi o papa João XXIII que retirou ao substantivo judeu o adjectivo pérfido que inevitavelmente o precedia?

Por que pensas que durante 2 mil anos se responsabilizou todo um povo por aquilo que alguns antepassados fizeram e cuja culpa foi principalmente dos romanos?

O ódio foi um sentimento que o meu Filho condenou e, como sabes, era judeu. Perdoou mesmo aos que o mataram. Mas o anti-semitismo, que também alimentou o nazismo, não foi, nem é, um sentimento. Foi a fonte de rendimento que alimentou a concupiscência eclesiástica.

A Inquisição, a que chamaram Santo Ofício, nem se lembrava do meu Filho quando queria confiscar o ouro dos judeus e, por isso, os queimava. Só me surpreende que o vil metal quando é dado por peregrinos de Fátima, em horas de aflição, passe a chamar-se cascalho!

Não esperes que o reitor do santuário ou o Bispo de Leiria ou o Papa venham esclarecer este assunto. É por isso que ficam impunes aqueles que se apropriam, e não são poucos, do ouro do santuário. Nem sequer são denunciados às autoridades. Pudera!

Sabes, há sempre quem se aproveite das minhas aparições e distorça o que eu digo, em proveito próprio. Estou mesmo a pensar não voltar a aparecer. Nem calculas a vergonha que senti em viajar num carro da Legião Portuguesa, lembras-te? Foi motivo de muitas lágrimas.”

Não posso garantir que não tenha sido uma visão. E quero partilhá-la com o «Diário de uns ateus».

21 de Abril, 2004 Carlos Esperança

O padre Gama – um dos mais experientes exorcistas católicos

Ontem, no noticiário da TVI (20H00), assisti a um exorcismo do P.e Humberto Gama, paramentado a rigor, após ter sido prevenido dos malefícios do demo e de como levou um jovem a cometer um crime de morte.

Eu julgava que o Demónio tinha acompanhado o lince da Malcata na extinção, mas fiquei a saber que ainda disputa com Deus o mesmo habitat na zona de Bragança. E é tal a sua força que só com sal, água e numerosos sinais da cruz foi possível desinfectar os locais onde ele se alojou.

O padre católico Humberto, com larga experiência em pelejas com o Maligno, prometeu aos telespectadores ir desafiá-lo à prisão onde se encontra a sua vítima – o jovem que induziu a assassinar a namorada.

Uma das provas mais concludentes da presença do Maligno era a escrita de um diário, que o padre se encarregou de benzer. Pensei no «Diário de uns ateus».

Para quem julgava que o Diabo tinha emigrado e que o Inferno tinha sido extinto, aqui fica o registo do «Correio da Manhã», jornal que tem investigado o denodo com que o Padre Humberto desempenha tão pia tarefa.

21 de Abril, 2004 André Esteves

O apelo cardinal…

D. José Policarpo, pediu ontem aos católicos para que tenham mais intervenção política “em todas as frentes onde se decida a construção de um Portugal democrático com qualidade”.

Na abertura da Assembleia Plenária da CEP, em Fátima, o cardeal afirmou que “através dos fiéis a Igreja tem de estar na política”. E nisto, acrescentou, “com a mesma clareza que assumimos que nós, os pastores, não nos imiscuímos na política partidária”.

Eu, pessoalmente, aprecio este amor à democracia por parte do Doutor Professor Excelência Reverendíssima, o Cardeal Patriarca. É caso para nos perguntarmos: Quando é que começam as eleições para o patriarcado e respectiva campanha eleitoral?

Posso imaginar o debate de ideias franco e aberto para com todos os católicos, que levará a uma eleição justa e representativa. Posso até imaginar alguns slogans de campanha!

Policarpo!! Amigo!!

Deus só está contigo!!!

Policarpo o benzido!

Vota nele, que é teu amigo!

Policarpo Patriarca!

Não é judeu, nem um anarca…

Quanto à participação “em todas as frentes onde se decida a construção de um Portugal democrático com qualidade” pode contar connosco!!! Espero que nos trate no mesmo espírito de tolerância, com que a sua alma mater estende convites ao PNR, nas tertúlias do CIARI.

Quanto ao “através dos fiéis a Igreja tem de estar na política” é uma grande verdade! Eles estão lá! Num esforço hercúleo, por todo o lado, na obra do senhor, que ninguém consegue ver ou reconhecer… Por que que será !?

21 de Abril, 2004 Carlos Esperança

Pio IX, já beato, é um Bin Laden da ICAR

A fúria beatificadora/canonizadora do actual pontificado” é uma indústria respeitável que apenas tem levantado problemas quando são óbvios patifes os “servidores de Deus que inclui no rol. Pio IX é um caso extremo a que não faltarão devotos. Basta ler Eça de Queirós para saber da devoção de que gozava entre as camadas mais reaccionárias.

Pio IX foi o último papa detentor de poder temporal. Mandou fuzilar patriotas garibaldinos, construir em 1850 os muros do gueto de Roma, encorajou os padres a baptizarem em segredo crianças judias retiradas aos pais, condenou a separação da igreja do estado, excomungou os que negavam a soberania temporal dos papas, os liberais, os maçons, os socialistas e os comunistas, enfim, foi um reaccionário violento – mesmo para um papa católico.

É verdade que enriqueceu a igreja com o dogma da sua própria infalibilidade (e dos seus sucessores) e o da virgindade de Maria. Ninguém duvida que o milagre de ter curado, sem intervenção cirúrgica, uma carmelita que fracturara uma rótula, a troco de rezar duas novenas que lhe foram dedicadas, pesou na distinção de que foi alvo.

Mas, o anti-semitismo primário de quem chamava cães aos judeus, deixou marcas culturais que tiveram o seu epílogo no holocausto perpetrado por nazis e fascistas em que pereceram 6 milhões de judeus. É a memória dessa tragédia que torna obsceno o branqueamento que o papa actual pretendeu com tal beatificação.

Convém recordar a encíclica Sillabus errorum onde Pio IX afirmou que a Igreja era “inconciliável com o progresso e a civilização” – palavras proféticas que calaram fundo no coração de João Paulo II.