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Dia: 19 de Abril, 2004

19 de Abril, 2004 Carlos Esperança

O islão é uma religião de paz – a fructibus eorum cognocetis eos

Em 21-04-2003, no programa «Os prós e os contras» da RTP – 1, disse o Xeque David Munir que «do Islão ninguém sai porque todos estão satisfeitos», sem dizer o que acontece a quem apostate, se há hipótese de sobreviver ao desencanto, se fica seguro o canastro de quem se desinteressa do destino da alma e, sobretudo, se num país islâmico é possível uma discussão televisiva com pessoas sem religião ou de outras religiões.

Um religião que se considera com legitimidade para matar quem bebe vinho ou cerveja, quem recusa usar chador ou burka, quem vai ao cinema ou ouve música, quem canta ou vê televisão, quem usa mini-saia ou dança, quem usa calções curtos ou se barbeia, quem acredita em Jesus Cristo ou quem é ateu, quem não reza o suficiente ou não se vira na direcção certa, quem quebra o jejum ou quem faz amor, que permite a ignomínia da poligamia e renuncia ao direito civil para impor a Charia, que quer impor a fé de Maomé a todo o planeta, não é uma Igreja, é uma associação de malfeitores a que urge fazer um combate cultural.

A ICAR de Leão IX, Urbano II, Inocêncio II, Pio II, Júlio II ou Pio IX deixou uma pesada herança, mas o islão, neste crepúsculo de civilização falhada, não é mais recomendável e cultiva o mesmo ódio à democracia e à modernidade.

No islão, uma cultura decadente que considera o Corão a última palavra sobre justiça e a vida, há um Torquemada em cada mullah, um bispo medieval em cada ayatolla. Veja-se o que pensa Omar Bakri Mohammed, Líder do “Londonistão” e Teórico da Al-Qaeda na Europa, em entrevista à «Pública».

Ao pé dos muçulmanos os judeus ortodoxos, de chapéu e caracóis à Dama das Camélias, parecem pessoas civilizadas a quem se adivinha um rosto humano sob a barba.

Ao pé de Bin Laden e do mullah Omar o papa João Paulo II e o cardeal Joseph Ratzinger parecem filantropos.

Estados islâmicos, totalitários, dirigidos por clérigos, remetem-nos para as monarquias europeias de origem divina.

Pelos frutos se conhece a árvore ou, em latim, a fructibus eorum cognocetis eos.

19 de Abril, 2004 Mariana de Oliveira

Citação do Dia

Tenho de proclamar a minha incredulidade. Para mim não há nada de mais elevado que a ideia da inexistência de Deus. O Homem inventou Deus para poder viver sem se matar.

Fiodor Dostoievsky, in “O Idiota”

19 de Abril, 2004 Carlos Esperança

A santidade dos papas não passa de profissão e estado civil. A fé é sempre violenta

A violência não é um privilégio católico, acontece com o hinduísmo, o islão, o judaísmo e várias formas de protestantismo. Acontece sempre, e aumenta quando se agrava o proselitismo, mas a ICAR tem um passado assustar ao esforçar-se por exercer a soberania religiosa sobre a humanidade.

O anti-semitismo cristão não pode justificar-se com o sionismo agressivo de Sharon, vem do primeiro século e está longe de ser erradicado. Em Roma não foi a ICAR que libertou os judeus da opressão, foram os patriotas italianos que em 1870 derrotaram o papa e subtraíram a cidade à sua soberania.

«Os judeus não reconheceram Nosso Senhor e, portanto, não podemos reconhecer o povo judeu», é a doutrina da ICAR que entende não poder defender judeus sem se converterem primeiro. Haverá maior intolerância e vocação totalitária?

Já em 1593 os jesuítas tinham um critério racista para os seus membros. Com o decreto do «sangue puro» expulsaram todos os jesuítas que tinham ascendência judaica e proibiram a admissão de todos os cristãos que estivessem maculados de sangue judeu.

O primeiro assassinato em massa de judeus pelos cristãos data de 414, quando a população da Alexandria romana recém cristianizada exterminou a comunidade judaica da cidade.

Portugal expulsou os judeus em 1497 mas o ódio das catequistas portuguesas mantinha-se na década de quarenta do século passado.

Durante a primeira cruzada, em 1096, o ardor dos cristãos a chacinar judeus atingiu o auge na França setentrional e na Alemanha, cerca de 10 mil.

Lutero considerava-os «um pesado fardo» e «uma praga no meio das nossas terras».

Pio IX apelidava de cães os judeus, e queixava-se «temos hoje, infelizmente, demasiados desses cães e ouvimo-los ladrar em todas as ruas e andando por aí a incomodar as pessoas». Recusou-se a devolver a criança judia Edgardo Mortara, raptada aos seus pais por um inquisidor da Igreja que a baptizou, numa antecipação do que hoje fazem os mormons que baptizam judeus mortos para os resgatarem para a sua fé. A Inquisição exumava cadáveres para os purificar pelo fogo, os mormons para os libertar pelo baptismo. Os crimes de Pio IX não o tornaram inapto para a intercessão junto do seu deus, que lhe fez o milagre com que JP2 o elevou aos altares.

Pacelli, antes e depois de usar o pseudónimo de Pio XII foi cúmplice objectivo dos carrascos nazis e fascistas que ensanguentaram a Europa e envergonharam o mundo. Mas sobre esse período posso voltar em próximo artigo.

19 de Abril, 2004 André Esteves

Waco foi à 11 anos…

Há 11 anos, 80 pessoas morreram num ataque mal concebido pelo FBI, para pôr fim a um bloqueio de 51 dias. Ainda hoje não sabemos o que aconteceu. Nenhuma das parte parece interessada em procurar a verdade. Do lado governamental, existe a vontade de ocultar a incompetência, o abuso da força e talvez o uso irregular da lei. Do lado dos sobreviventes e adoradores, o desejo de criar um mito, buscar justiça contra a «Babilónia» e ver nos acontecimentos o desenrolar das profecias do Apocalipse e da teologia dos sete selos, com teoria da conspiração, racismo e individualismo americano em quantidades q.b. .

Algures nas profundezas da sociedade americana, as pregações, o êxtase da congregação, o sentido de irmandade e missão continuam e mantêm vivos os mitos desejados pelo inconsciente colectivo adventista.

Talvez nasça um novo cristianismo com David Koresh no topo do panteão.

E digo-vos isto, porque, eu… Eu já o fiz…

Já converti.

Já menti e enganei.

Podia ter sido ser deus, pela minha própria vontade e palavra.

Homem a homem, conversa a conversa, versículo em versículo, explorando o medo, usando o credível para tornar o impossível em realidade, na mente e desejo do interlocutor.

Amei demasiado a verdade e desejei demasiado conviver com iguais em verdadeira honestidade para ceder à tentação.

Hoje, sinto que só de uns ateus nascerá o verdadeiro «reino de deus» na terra.

Nunca subestimem o poder de uma bíblia, nas mãos de um homem que deseja poder.