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Dia: 26 de Março, 2004

26 de Março, 2004 Mariana de Oliveira

Momento Poético

Dos Sonetos de Antero de Quental.

HINO À RAZÃO

Razão, irmã do Amor e da Justiça,

Mais uma vez escuta a minha prece.

É a voz dum coração que te apetece,

Duma alma livre só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça

De astros, sóis e mundos permanece;

E é por ti que a virtude prevalece,

E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações

buscam a liberdade entre clarões;

e os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti podem sofrer e não se abatem,

Mãe de filhos robustos que combatem

Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

26 de Março, 2004 André Esteves

Tão longe, aqui ao lado…

Hoje, o PSOE, através das palavras de Zapatero, o novo primeiro ministro espanhol prometeu modernizar o estado espanhol, dando-lhe um cariz laico, eliminando o ensino da religião (que o PP tinha tratado de recolocar nas escolas públicas, sob o nome hipócrita de história das religiões) e institucionalizar a igualdade do casamento para as pessoas com diferentes opções sexuais…

Se não prestarmos atenção ao que se passa em Espanha, um dia destes arriscamo-nos a atravessar a fronteira para “comprar bacalhau” e encontrarmo-nos na Dinamarca ou outro lugar irreconhecível qualquer…

Sabem por que é que isto não vai para a frente?

Eu sei.. mas não digo… Tenho que manter a minha católica tolerância…

26 de Março, 2004 Carlos Esperança

Há 25 anos (2). O cónego Eduardo Melo

Na sequência do texto da Mariana senti ser minha obrigação recordar o cónego Eduardo Melo, uma «pedra chave» das movimentações de então. Deixo aqui o texto publicado no Diário de Notícias de 08-11-2002 que mantém actualidade pois a estátua que lhe fizeram continua a aguardar local para ser despejada.

Eis o texto:

A cidade de Braga junta à glória dos seus arcebispos o brilho dos cónegos que exornam o cabido da vetusta arquidiocese.

Eduardo Melo, esforçado servo de Deus, pode passar (ainda) despercebido à sagrada Congregação para a causa dos Santos, mas não foi esquecido das almas do seu rebanho, a quem soube avisar que o 25 de Abril “foi uma mancha negra na História de Portugal”, e dos portugueses, em geral, a quem lembrou que “o Dr. Salazar foi um estadista insigne, com um grande sentido de Estado e uma inigualável noção de autoridade”, defendendo a necessidade renovada de “um pulso forte como foi o dele” (entrevista ao Diabo em 2001).

À espera desse “pulso forte” quiseram os admiradores erigir-lhe uma estátua de 8 metros que os inimigos pretendem remeter à clandestinidade sem que a bênção do Presidente da Câmara, autarca do PS, dissuada os réprobos de recalcitrar.

O ditoso membro do cabido da Sé de Braga foi um homem de acção no verão quente de 1975 – “uma pedra chave de toda a movimentação” – nas palavras enlevadas de Alpoim Calvão. Tem provas dadas na prevenção do vício e promoção da virtude, sem hesitar no martírio para defender a fé e a tradição.

Pode, pois, faltar-lhe a confirmação de milagres operados mas não pode negar-se ao bem-aventurado a qualidade de mártir, que o isenta, para ascender aos altares.

É por isso que a estátua de 8 metros, se não for colocada numa praça, há-de encontrar como peanha um andor com que os fiéis percorram em procissão as escadas do Bom Jesus.

Não faltarão devotos que o carreguem.

Nem ímpios a desejar que escorreguem.