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Espanha – 30 de outubro de 1975

Há 43 anos, o maior genocida da História da Península Ibérica decidiu que Juan Carlos passasse a ser o chefe de Estado interino de Espanha, sob o pseudónimo de príncipe.

Francisco Franco fez da discricionariedade o método de decisão e da violência a arma do poder vitalício. O terror que infundiu condicionou o futuro de Espanha e o da posterior democracia cuja existência nunca admitiu ou sonhou.

O vil assassino, que morreu confortado com todos os sacramentos e rodeado de uma multidão de cúmplices do clero e das Forças Armadas, legou a Espanha um descendente de uma extinta monarquia, que mandara educar nas madraças da Falange.

A ditadura clerical-fascista extinguiu-se com a peçonha que a criara, mas o fascismo e o clero que a apoiou manteve-se incólume e resiste nos paços episcopais, paróquias, Forças Armadas e policiais, órgãos do poder e universidades que oferecem diplomas aos dignitários da direita.

A transição pacífica para a democracia poupou a Espanha a aventuras sangrentas de que só a desesperada tentativa do “23-F” foi exceção, sendo os cérebros, com escassos neurónios, os generais Milans del Bosch e Alfonso Armada, condenados a 30 anos de prisão que só em parte cumpriram.

O fracasso do golpe de Estado, de que muito provavelmente sairia chefe do Governo o general Alfonso Armada, foi atribuído ao alegado repúdio do rei. Foi uma excelente ideia para salvar a monarquia, mas não é crível que o general Alfonso Armada, que previamente informou os EUA e o Vaticano, cujas reações se desconhecem, encabeçasse um golpe contra o seu ex-pupilo. As cumplicidades civis não foram investigadas e só o líder franquista dos “sindicatos verticais”, Juan García Carrés, foi preso.

Enquanto se procuram silenciar as notícias sobre as valas comuns, onde jazem as centenas de milhares de vítimas do franquismo, fria e metodicamente assassinadas, depois de consolidado o poder contra a República democraticamente sufragada, a monarquia continua em Espanha, metida à sorrelfa na Constituição.

Os reis de Espanha são os chefes de Estado que o genocida escolheu e impôs.

Hoje, 43 anos depois de um dos últimos atos discricionários do sociopata que deteve o poder durante décadas, não podemos deixar de execrar o último ditador peninsular e denunciar as condições em que a monarquia foi reinventada.

Viva a República!