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  • 24 de Julho, 2018
  • Por Carlos Esperança
  • Ateísmo

Gazeta Ateísta

“Centenário”

(Por ONOFRE VARELA)

Este é o centésimo artigo ateísta que publico na Gazeta de Paços de Ferreira. Decidi festejar este “centenário” partilhando com os leitores a minha satisfação por esta longevidade que, no início, não me pareceu provável. Sei no país que vivo, conheço o sentimento religioso da zona onde a Gazeta está implementada, e também sei da falta de hábito dos religiosos se defrontarem com opiniões que não afinam pelo diapasão das homilias nas missas da sua paróquia.

Às pessoas crentes foi ensinado que um ateu é um demónio e que as suas palavras não merecem escuta. Esta ideia provém dos tempos inquisitórios em que a Igreja Católica torturava os não crentes e queimava-os numa fogueira, apenas e só por não partilharem dos ideais religiosos que os sacerdotes impunham à comunidade. Bem sei que hoje ainda há quem pense assim… mas têm de refrear os seus instintos totalitários e desumanos, perante a lei da liberdade de expressão num país saudavelmente laico e não doentiamente religioso.

O primeiro artigo ateísta foi publicado na edição do dia 7 de Agosto de 2014, com o título “Eu, ateu me confesso”, do qual apenas me chegou a reacção de um único leitor, considerando que se um ateu “quer divulgar a sua opinião, deve criar um jornal para o efeito, e não usar as páginas da Gazeta”. Esqueceu-se, esse leitor, de dois pormenores importantíssimos: 1 – a Gazeta também publicava (e publica, e espero que para sempre) um artigo de um sacerdote católico que não criou um jornal para difundir a sua opinião religiosa; 2 – A liberdade de pensamento e expressão foi reposta no país em Abril de 1974, e aferida pela Constituição da República Portuguesa em Assembleia Constituinte reunida em sessão plenária de 2 de Abril de 1976, e que os jornais existem, também, para difundirem a palavra de quem, no anterior regime, estava condenado ao silêncio.

Para além disto, o estatuto editorial da Gazeta diz que o jornal “participa no debate das grandes questões que se colocam à sociedade portuguesa […] aposta numa informação diversificada, abrangendo os mais variados campos de actividade e correspondendo às motivações e interesses de um público plural […] e considera que a existência de uma opinião pública informada, activa e interveniente é condição fundamental da democracia e da dinâmica de uma sociedade aberta”.

Por tudo isto endereço os meus parabéns à Gazeta (na pessoa do seu director Álvaro Neto) pela sua pluralidade e respeito pela liberdade de expressão, e endereço os meus melhores cumprimentos aos colaboradores e aos anunciantes da Gazeta, e deixo aqui um especial agradecimento aos leitores que me vão lendo e incentivam a continuar com a divulgação da minha opinião de ateu. Muito obrigado a todos.

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)