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  • 21 de Abril, 2018
  • Por Carlos Esperança
  • Fátima

Fátima, altar da fé

(em regressão)

A religião é um embuste grosseiro que alimenta poderosas máquinas clericais, obscuros interesses privados e redes de cumplicidades que atravessam o globo.

Sob a capa untuosa do clero que finge defender a paz e promover a harmonia, jogam-se poderosos interesses e definem-se estratégias globais de conquista do poder.

Há quem pense que as religiões são um mal necessário, que são como armas nucleares cujo equilíbrio do terror impede uma guerra global. Mas enquanto os Estados não têm disparado as armas nucleares contra os seus cidadãos, as religiões espalham o medo, a superstição e o ódio e incitam a guerra e a violência contra infiéis (fiéis de outro deus).

À medida que a instrução e a ciência avançam, as religiões definham, mas agravam a virulência e, na aflição, a agressividade e o ódio que devotam à liberdade, à democracia e ao livre-pensamento.

Nos últimos dias temos assistido à mais violenta e sinistra ofensiva da ICAR contra o Governo de Espanha e à tentativa desesperada de virar o povo contra os seus órgãos legítimos. Até o referendo à Constituição europeia, cuja abstenção fomentou, lhe serve para promover o divórcio entre as camadas mais embrutecidas da população e o Governo legítimo.

À azia que o clero carrega depois de ter abençoado o casamento da plebeia divorciada com o príncipe herdeiro, com pompa e circunstância, junta agora a brotoeja que lhe provoca o casamento de homossexuais, a liberdade religiosa e o uso do preservativo. A Cúria romana reagiu como se a grande nação ibérica fosse ainda um protetorado sob o domínio de um rei absoluto dominado pelo confessor católico.

Em Portugal, um comportamento discreto e dissimulado foi a regra até à assinatura do aborto e abuso clerical que é a Concordata. A partir de então a chantagem aumentou. À medida que a clientela se afasta, o acréscimo de poder e as exigências de visibilidade aumentaram. A luta contra a maçonaria foi o primeiro ensaio de uma guerra mais vasta contra os sectores laicos, agnósticos e ateus.

Sirvam de consolo os revezes na conquista de novos clientes. Fátima, o supermercado da fé católica, a maior área de oração em Portugal, não deixa de perder peregrinos desde 2000, data da última visita do Papa JP2, num extremo esforço de marketing para manter e aumentar a clientela. Em 2004 teve menos meio milhão de peregrinos apesar de haver mais grupos organizados pelas agências turísticas. O mercado da fé, no que diz respeito aos peregrinos, retraiu-se em mais de 10%, nos últimos anos, só interrompido com a vinda do Papa em 13 de maio de 2017. Até atividades de lazer místico (terço, adoração, procissão das velas, laudes, vésperas) sofreram uma razoável retração. As próprias maratonas de joelhos (populares exercícios sadomasoquistas) vão perdendo praticantes.

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