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  • 11 de Dezembro, 2017
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

Jerusalém e a Assembleia da República (AR)

A maldição da cidade santa de três monoteísmos, que se digladiam entre si, transforma-a num barril de pólvora pronto a explodir à aproximação de qualquer detonador.

O proselitismo religioso e o expansionismo sionista conjugaram-se para dificultar a paz e a convivência entre Estados. O caminho do Paraíso que aí buscam, através de orações e bombas, os muçulmanos, judeus e cristãos, fazem da cidade um Inferno, e da região o húmus onde germina o ódio e o terrorismo.

Para ampliar a tragédia, quiçá para antecipar o Armagedão, faltava o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel e o anúncio da transferência da embaixada dos EUA de Telavive para Jerusalém, decididos por Trump, contra os avisos de líderes mundiais e as sucessivas decisões da ONU, num intolerável atropelo ao direito internacional.

Jerusalém, cidade do Muro das Lamentações, da Basílica do Santo Sepulcro e do Domo da Rocha, que inclui a Mesquita de Al-Aqsa, foi o local de partida de Cristo e Maomé a caminho do Paraíso de cada um deles, segundo a mitologia das respetivas religiões, e é a cidade onde os judeus ortodoxos cabeceiam o Muro das Lamentações.

Não se sabe se a decisão irracional, de consequências imprevisíveis para a região e para o mundo, teve em vista desviar atenções das investigações por corrupção de Netanyahu e da interferência da Rússia nas eleições que conduziram Trump à presidência e que ora conseguiu, pela primeira vez, unir o mundo. Contra os EUA e Israel.

Portugal “condena o reconhecimento de Jerusalém como capital do Estado de Israel pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump”, com votos favoráveis de todos os partidos, perante um voto apresentado por BE, PS e PAN. Com a enigmática abstenção de João Soares (PS) a várias propostas, houve unanimidade em todos os partidos, PSD, PS, PCP, BE, PEV, PAN, só quebrada no CDS. Vale a pena averiguar os problemas de consciência que dilaceraram o partido mais à direita, onde a líder, prudentemente, votou com outros deputados a condenação dos EUA.

O que terá levado cinco deputados do CDS a absterem-se e Teresa Caeiro e João Rebelo a votarem contra?