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Os conventos irlandeses e os seus esqueletos

As instituições que operam à margem do escrutínio público e do controlo judicial, tornam-se incompatíveis com o Estado de Direito.

As instituições de direito canónico tanto podem permitir o poder arbitrário dos bispos como o exercício discricionário da madre superiora de um convento de freiras ou do superior de uma casa de reclusão de frades.

É impossível saber se as pessoas que numa determinada altura se comprometem à clausura e a outras regras de discutível legitimidade, permanecem eternamente de livre vontade, e se o que é exposto como renúncia voluntária a direitos inalienáveis não passa de cárcere privado.

Os conventos irlandeses foram os principais aceleradores do processo de secularização em curso, tal a dimensão dos escândalos, a prepotência sobre as vítimas e o sadismo que vieram a público.

Já conhecíamos o encerramento de conventos por ordem judicial e a libertação de freiras que os tribunais devolveram à vida normal depois de muitos anos de sofrimento e humilhações.

A descoberta de esqueletos de largas centenas crianças de tenra de idade saltam agora do armário do sigilo pio para vergonha das instituições religiosas e horror das pessoas normais.

As escavações num convento da Irlanda confirmam a investigação de uma historiadora que denunciou que 800 bebés jaziam sob um antigo centro de acolhimento para mães solteiras.

É o começo de um filme de terror num antro da fé e da reclusão que certamente se multiplica pelos vários conventos de freiras da piedosa Irlanda.

O Papa Francisco não merecia que lhe servissem mais este pesadelo.