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O CENTENÁRIO DE FÁTIMA

(Em nome do Pai, do Filho e do Banco Novo)

Por mais que o atual Papa se esforce para dar à religião católica uma credibilidade que a distinga, pode diferenciar-se ele dos antecessores, pelas preocupações sociais e conduta intransigente em relação a ligações perigosas do Banco do Vaticano, mas não remove os alicerces da superstição ou põe em causa os negócios dos milagres.

A vinda do papa Francisco a Portugal, no dia 13 de maio do próximo ano, para assinalar o que imprensa pia denomina “Centenário das Aparições em Fátima”, é a cumplicidade com um embuste urdido contra a República, primeiro, o comunismo, depois, durante a ditadura, e agora ‘contra o ateísmo’ que, aliás, foi o lema da peregrinação de 2008.

A dimensão anunciada da propaganda, cento e cinquenta iniciativas até 2017 e ainda uma exposição no Vaticano, em 2018, fazem prever uma colossal campanha publicitária sem precedentes nos tempos atuais.

O negócio começou com rumores, depois com anunciadas visões e, finalmente, com as aparições de uma Senhora mais brilhante do que o Sol, à semelhança de tentativas mais ou menos conseguidas em outras latitudes onde o credo romano se tornou hegemónico.

A visita do papa é mais a de um diretor-geral internacional a promover os negócios da fé numa sucursal do que a de um líder religioso moderno a promover a sua higienização e a combater a superstição num país para cujo atraso contribuiu.

O bailado do Sol, as acrobacias de uma Senhora saltitante nas azinheiras e a aterragem de um anjo no anjódromo da Cova da Iria serão promovidos a dogmas, e as conversas imaginárias que a Senhora teve com a Irmã Lúcia, a factos históricos.

Já basta a falta de espírito crítico que, como povo, nos prejudica, dispensávamos a festa do embuste na apoteose de uma data criada pela Igreja, na fase mais trauliteira, contra o regime republicano.