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Dia: 18 de Janeiro, 2016

18 de Janeiro, 2016 Carlos Esperança

Livros sagrados e violência

(Texto do livro de Sam Harris “O Fim da Fé”, enviado por Paulo Franco)

Claro que existem muitas coisas sábias, maravilhosas e reconfortantes nos livros religiosos. Mas as palavras de sabedoria, beleza e consolo abundam igualmente nas páginas de Shakespeare, Virgílio e Homero, e nunca ninguém viu matar milhares de estrangeiros devido à leitura desses textos.

A convicção de que certos livros são escritos por Deus (que, por razões difíceis de compreender, fez de Shakespeare um escritor bastante melhor do que Ele próprio) deixa-nos impotentes para enfrentar a mais poderosa fonte de conflito entre as pessoas, no passado e no presente.

Como é possível não ficarmos boquiabertos perante uma ideia tão absurda?

Seguramente, poucos de nós teriam julgado possível que um tão grande número de pessoas pudesse acreditar em tal coisa, isto se já não acreditassem de facto.

Imagine um mundo em que sucessivas gerações de seres humanos acreditavam que certos filmes eram realizados por Deus, ou que certos tipos de software tinham sido programados por Ele. Imagine um futuro em que milhares dos nossos descendentes se assassinariam mutuamente por causa de interpretações antagónicas da Guerra das Estrelas ou do Windows 98. Haverá coisa mais ridícula do que isto?

E, no entanto, tal não seria mais ridículo do que o mundo em que de facto vivemos.