Loading

Dia: 4 de Novembro, 2015

4 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Momento zen de quarta_ 04_11_2015

João César das Neves (JCN), aperreado com as dores do cilício e as dores ainda maiores do papa que lhe coube andou arredado da exegese pia.

Voltou hoje às homilias no DN, com o sermão «Dar vista aos cegos», uma contribuição modesta para o pensamento mas suculenta para alma, a dar resposta à interrogação que o dilacera: «O que ninguém pergunta é se está melhor aquele mundo que abandonou o ensino da Igreja». Segundo JCN «o Ocidente é a única zona do globo que, tendo vivido séculos segundo a doutrina cristã, (…) enveredou por um caminho de promiscuidade, divórcio e aborto. É também a única sociedade da história que sofre (…) profusão de casais desfeitos, depressão psicológica, crianças descartadas antes de nascer, velhos abandonados antes de morrer e corrupção avançada do tecido social».

JCN afirma que o mundo atual «esqueceu o essencial da doutrina cristã. Aquela parte que ainda conhece vagamente é abstinência sexual extraconjugal, indissolubilidade do matrimónio e proibição estrita do aborto e eutanásia» mas «o centro da visão cristã é ser pobre de espírito, aflito, manso, faminto de justiça, misericordioso, puro de coração, pacífico e perseguido por causa da justiça».

Bem-aventurado JCN, pobre de espírito, aflito, manso, etc.

4 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Traições no Vaticano

Francesca Chaouqui, a mulher que traiu o Papa

 

AFP – Agence France-Presse

Publicação: 03/11/2015 15:03 Atualização:

Cidade do Vaticano (AFP) – A jovem laica Francesca Chaouqui, especialista em relações públicas, bela e sedutora, é a mulher que traiu o papa Francisco ao vazar informações e conversas confidenciais do pontífice no Vaticano.

A italiana, de 33 anos e de origem marroquina, era uma espécie de agente duplo, especialista em marketing, que após sua prisão na semana passada por ordem da procuradoria do Vaticano decidiu confessar tudo o que sabia sobre o novo escândalo Vatileaks.

“Eu não traí o Papa”, escreveu nesta terça-feira em um tuíte, após ser libertada por colaborar com a justiça.

A única mulher nomeada em 2013 pelo pontífice argentino para fazer parte do comitê que estudou por quase um ano a reforma das instituições econômicas e administrativas da Santa Sé, conhece muitos segredos de uma das questões mais sensíveis para a Igreja: o uso de enormes somas de dinheiro que recebe e que transitam pelo banco do Vaticano.

Chaouqui foi acusada, juntamente com o padre espanhol Lucio Anjo Vallejo Balda, de ter roubado documentos confidenciais do Vaticano, um delito que o Estado pune com até oito anos de prisão.

“Tudo o que fiz foi tentar detê-lo”, justificou-se em entrevista ao jornal italiano La Stampa. “Não tenho nada a ver com corvos, vou provar minha inocência. Estou tranquila, me sinto bem com a minha consciência. Eu só disse a verdade a quem está investigando o vazamento de documentos na Cúria”, acrescentou Chaouqui.

Documentos roubados, informações rackeadas de computadores e, especialmente, a gravação de conversas com o papa fazem parte da documentação que irá aparecer em dois livros que serão colocados à venda esta semana em todo o mundo e em várias línguas.

Segundo antecipações da imprensa, os dois livros revelam as dificuldades que o Papa argentino encontrou para reformar as estruturas da Cúria Romana e também denunciam o desperdício e a falta de ética na gestão do dinheiro da Santa Sé.

Continue a ler aqui…..

4 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Coisas do paraíso e mais além

Por
Paulo Franco

“O paraíso é a ausência do Homem”. Emil M. Ciora.

Em muitas ocasiões onde é referida a extraordinária capacidade que a imaginação humana tem revelado para conceber soluções tecnológicas complexas para os problemas humanos, é salientado que existe uma desproporção enorme entre as possibilidades criativas infinitas da imaginação humana e as possibilidades práticas reduzidas de concretizar essas criações imaginadas.

Desde que nos tornamos Homo-Sapiens, e isto quer dizer exactamente que a evolução dotou o nosso cérebro com capacidades nunca antes vistas, passamos a ter possibilidades infinitas de interpretar o mundo e recriá-lo, o que nos rodeia e outros mundos mentalmente imaginados. O decorrer dos milénios tornou-nos ainda mais
engenhosos e complexos a engendrar mundos imaginários, soluções possíveis, sonhos individuais ou meramente objectivos de vida. Tendo em conta que apenas uma muito reduzida percentagem de humanos tem (ou teve) meios económicos e materiais para realizar sonhos imaginados nos seus cérebros, podemos facilmente concluir que a grande maioria dos humanos alguma vez existentes sofre (ou sofreu) de enormes
frustrações por ver o fruto das suas criações mentais ou desejos mais profundos impossibilitados de se concretizarem. É verdade que a grande, grande maioria dos humanos têm (ou tiveram) como principal preocupação a subsistência básica, mas isso nunca impediu alguém de sonhar.

Ora talvez possamos imaginar também que o paraíso prometido pelas muitas religiões existentes não seja outra coisa se não um projectar do nosso imaginário colectivo para uma dimensão de existência onde todos os sonhos, de todas as pessoas (só as boas, as que obedecem Deus, claro) são potencialmente realizáveis. A ambiguidade com que as principais religiões falam desse paraíso que nos é prometido para o depois da morte revela que é uma projecção esperançosa de um mundo desejado mas desconhecido,
que nos abre um leque alargado de possibilidades imaginárias para aí finalmente sermos felizes. A glória de Deus, com a sua luz radiante do paraíso cristão, ou os rios de mel do paraíso do Islão poderão ser interpretadas como formas poéticas de designar uma outra dimensão existencial onde tudo, idealizado ou sonhado por nós, será finalmente possível de realizar.

Ser ateu é um luxo aparentemente pouco acessível à maioria das pessoas. Tendo em conta os acontecimentos trágicos, bem conhecidos da História, que têm afectado particularmente pessoas religiosas onde milhões têm sucumbido, deveria surpreender-nos a todos que não haja mais ateus no mundo.

Desde as tragédias que têm acontecido nas peregrinações gigantescas a Meca no mundo islâmico (só este ano, mais de 700 mortos); a tragédia do holocausto, na 2ª guerra mundial, que liquidou mais de 6 milhões de judeus; as milhares (ou milhões) de pessoas que morreram na Europa Cristã com as cruzadas contra o Islão e a inquisição; os milhares de hindus que têm morrido nas suas, também gigantescas, peregrinações religiosas; se nenhum dos seus múltiplos Deuses puderam evitar estas mortes, então o que seria necessário acontecer para convencer estas pessoas de que o conceito “Deus” afinal é uma ilusão, um engano?

Mas afinal qual será a razão para que uns vejam na ausência de protecção divina uma prova da sua inexistência e outros, teimosamente, permaneçam crente?

As pessoas que se mantêm crentes contra todas as evidências estarão possivelmente ainda impreparadas para abandonar a esperança de um dia vir a realizar-se e a concretizar-se enquanto projecto ambicionado e imaginado. A magia que possíveis truques de ilusionismo possam surgir de uma fada escondida ao fundo do jardim parecem conferir ao imaginário destas pessoas uma aura de sobrenaturalidade, e isso abre ao sonhador as portas para uma multiplicidade infinita de possibilidades no mundo da fantasia, e claro, é por esse fascínio inebriante e mágico, que viabiliza a realização de todos os sonhos, que anseiam encontrar no “outro mundo”.

Será talvez esta a explicação para que as promessas do paraíso pós-morte surjam como cogumelos em todos os pontos do mundo onde prolifera a religião.

“Os cães são o nosso elo com o paraíso. Eles apenas nos amam, sem condições.
Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz”. Milan Kundera.

“O paraíso é um conto de fadas para pessoas com medo do escuro”. Stephen Hawking