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Dia: 5 de Dezembro, 2014

5 de Dezembro, 2014 Carlos Esperança

A bruxaria – há 530 anos (efeméride)

Vale a pena ler o excelente livro de Carl Sagan, «O Mundo Infestado pelos Demónios», e penetrar nas superstições que ainda alimentam o negócio dos exorcismos cujo alvará era conferido com o sacramento da Ordem a todos os padres católicos e, agora, é apenas concedido, a alguns, pelo bispo da diocese respetiva.

Os avanços médicos, em especial da psiquiatria, a melhoria das condições alimentares e a secularização da sociedade reduziram o número de demónios e erradicaram as bruxas, mas ainda há demónios bastantes para nutrir o imaginário mórbido de alguns devotos.

Em 1484, em 5 de dezembro, o Papa Inocêncio VIII emitiu uma bula papal a condenar a bruxaria que, como qualquer crente sabia, era exclusivo feminino de pacto com o Diabo. Mais tarde enviou inquisidores à Alemanha para julgar bruxas e iniciar a perseguição de Giovanni Pico della Mirandola, expoente do platonismo renascentista, condenado por heresia e excomungado, valendo-lhe a França, onde se refugiara, a fuga ao churrasco.

Morreria pouco depois, aos 31 anos, de morte natural, o erudito a cuja filosofia influiu em Leonardo da Vinci e Michelangelo, tendo-os elevado de meros artesãos medievais, que podiam ter sido, ao ideal renascentista de artistas que os transformou em génios.

Hoje os cruzamentos de caminhos rurais, então locais de estacionamento de vassouras, meio de transporte das bruxas, estão abandonados ou destinados a nichos em honra de santos de pouca virtude ou à repetida imagem da Sr.ª de Fátima com os três pastorinhos que aguardam pedidos de milagres para progredirem na carreira da santidade.

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5 de Dezembro, 2014 Carlos Esperança

A questão dos feriados é complexa

Por

E – Pá

Por um lado, trata-se de uma ‘imposição’ da troika, alegremente aceite por este Governo, em nome da produtividade (ou da competitividade?) que ninguém no País parece estar em condições de avaliar quanto aos resultados práticos.

Fica a dúvida se foi um imposição ou uma punição. Mas essa dúvida é endémica e transversal a todo o PAEF.

O sinal de derrogação da nossa soberania é difícil de apagar qualquer que seja a ‘ginástica’ de Portas ou o ‘assobiar para o lado’ do Governo.

Os portugueses terão sempre presente que, para este Governo, quer a Restauração da Independência, quer a Implantação da República, são factos históricos e identitários que foram submersos por gratuitas especulações económico-financeiras. E tal facto não os impede (ao actual Governo) de continuar a tentar empunhar a bandeira de um ‘patriotismo’ (manifestamente interesseiro).

Por outro lado, e por outras razões, muitos portugueses não sentirão motivação para exigir a reposição integral do ‘pacote dos feriados’, já que os feriados religiosos não têm (ou não deveriam ter) implicações públicas (para a República). Um deles o ‘corpo de Deus’ é um feriado móvel que tem (para os crentes) a ver com o calendário litúrgico sem qualquer obrigação oficial. Aliás, e difícil perceber como num Estado laico (e apesar da Concordata) não estão previstos feriados do Yon Kippur e/ou do Ramadão só para falar das religiões abraâmicas.

Outro, o extinto feriado de 1 de Novembro bem podia ser restabelecido (pelo menos em Lisboa) para relembrar o trágico episódio do terramoto de 1755 que relançou a ideia da reconstrução nacional sob o modelo pombalino. Seria a comemoração da entrada solene e prática do ‘Iluminismo’ na política da nossa terra (num terreno muito actual – as ‘obras públicas’).

Depois de tantos desaires históricos é caso para plagiar Henrique IV (de França) e argumentar que: “Lisbonne vaut bien une messe”… (passe a contradição).