Loading

Dia: 17 de Outubro, 2014

17 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Daniel Serrão, conhecido médico católico, atropelado no Porto

unnamed

 

ONDE ESTAVA DEUS?

 

 

Por

João Pedro Moura

Daniel Serrão, médico e membro da Associação dos Médicos Católicos Portugueses e de comissões de bioética, incluindo assessoria ao papa João Paulo II, foi atropelado ontem no Porto, estando em estado grave.

QUESITO: o deus dos católicos sabia que iria acontecer o atropelamento? Sim ou não?

Se sim, esse deus é perverso e monstruoso, pois programou o infausto acontecimento, ainda por cima, dum dos seus adeptos mais conhecidos e militante…

Se não, então, esse “deus” é imperfeito, pois não previu nada, e, sendo imperfeito, não existe, pois lhe falta um atributo fundamental: a omnisciência…

…Mas também a omnipotência, para evitar o desastre… se queria evitar…

Se sim, registo particularmente aqui a crueldade facinorosa dum deus, que sabia tudo até ao mínimo pormenor: o dia e hora do acidente; as circunstâncias do mesmo; o movimento errado do condutor do veículo causador, se este foi o culpado; o movimento errado do peão atropelado, se este foi o culpado. Enfim, nada escapou à programação do acidente, feita por esse tal deus, que os crédulos exaltam, mas de que não conseguem dar provas da sua existência…

Este é um problema teórico e repetitivo, que acontece todos os dias, a toda a hora, para os crédulos religionários:

Como conciliar o caráter absoluto do seu deus, com a liberdade humana e com o decurso normal da dinâmica da natureza?

 

Os crédulos religiosos, na sua necedade larvar, acham que é possível conciliar estas duas proposições contraditórias…

Ou bem que o seu deus, omnipotente, omnisciente, omnipresente, criador, governador e justiceiro, tudo sabe, tudo cria, em tudo está presente, e nada nem ninguém pode pensar a mínima coisa ou fazê-la sem esse deus, portanto, ter provocado isso…

…Ou há liberdade humana e dinâmica natural…mas então o deus dos crédulos não pode existir, pois é impossível tal existência, primeiro, por falta de prova, segundo, por falta duma simples lógica, elementar e coerente.

Por isso é que o grande filósofo grego, Epicuro (341-270 a.c.), compreendeu perfeitamente, há mais de 2 000 anos a inanidade da ideia de deus, ao comentar com uma demolidora e lógica argumentação, um incêndio que queimou um templo, no seu tempo:

“O fogo chegou à casa do vosso deus e consumiu-a: Pergunto-vos: por que razão não evitou esta calamidade, se realmente é justo e bom?

Ou ele a quis evitar, mas não pôde; ou pôde e não quis; ou nem quis nem pôde, ou, enfim, quis e pôde.

Se quis e não pôde, é impotente; se pôde e não quis, é perverso; se não pôde nem quis, é perverso e impotente; se pôde e quis, é monstruoso.

Assim, para que prestais culto a semelhante divindade?”

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/medico-daniel-serrao-em-estado-grave-depois-de-ter-sido-atropelado-no-porto-1673096

 

17 de Outubro, 2014 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_15_10_2014

João César das Neves (JCN), ao contrário de Batista-Bastos, continua com o púlpito no DN onde as homilias passaram de segunda para quarta-feira. Hesito no título a dar à exegese a que me habituei. Talvez passe para «Momento zen de quarta», mais de acordo com as inanidades que piamente debita.

A homilia de quarta (feira) crismou-a o devoto de «Amputação» e é uma diatribe contra o divórcio, um pecado cujo pensamento lhe liquefaz os miolos e o obriga a apertar dois furos no cilício.

Para condenar o divórcio usa esta deliciosa imagem: «Tenho problemas respiratórios desde pequeno, com asma, bronquites, etc. Viver com os meus pulmões não é nada fácil, mas nunca me passou pela cabeça andar sem eles». E acrescenta: «Tenho tido problemas com a minha mulher desde que casámos (…) mas haverá alguma razão para eu pensar em viver sem ela»? A única surpresa é o masoquismo da mulher.

Não falou no problema da enxaqueca e da possibilidade de ser tão intolerável que tenha abdicado de viver sem cabeça. JCN usa imagens fortes, mas prescinde da cabeça.

Para JCN, o divórcio é uma aberração e « A aberração torna-se visível se considerarmos qualquer outra época, região ou cultura. Uma breve consulta mostra que (…) o divórcio, a existir, tem estatuto semelhante à amputação de membros». Provavelmente ainda tem os membros todos!

JCN, certamente já confessado e comungado, termina a homilia desta quarta com uma profecia: «O futuro voltará a tratar o casamento como ele realmente é: uma enxertia definitiva na árvore genealógica, onde todos somos apenas ramos, que morrem se cortados do tronco. O futuro lamentará o tempo louco que esqueceu esta verdade essencial e, pela sua desgraça, provou a toda a humanidade essa importância vital».

O homem pensa com os membros todos ou, pelo menos, com os quatro da locomoção.