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Dia: 27 de Julho, 2014

27 de Julho, 2014 Carlos Esperança

A religião, a misoginia e a brutalidade divina

Num tempo em que a opinião pública é formada nas madraças da contrainformação, os ódios e os amores nascem nos jornais e televisões, e o livre-pensamento está sujeito aos constrangimentos sociais, como outrora a fé, ao pároco, às catequistas e aos devotos, há obrigação de enfrentar os preconceitos e a fúria dos amigos e adversários, para quem as más notícias prejudicam os seus credos.

Há violências mudas no interior das guerras de rockets e tanques de guerra ou à margem delas. Há tragédias de mulheres condenadas à escravidão ou à não existência, mutiladas, insultadas e feridas pelo mais feroz dos fascismos, que persiste em contexto islâmico.

No Iraque, onde exaltados cruzados lançaram o caos e intensificaram a violência, surge agora um bando sinistro, o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) a impor, em nome de Alá, severas restrições às mulheres de Mossul, cidade que conquistaram em junho.

Na demência de uma bulimia misógina, a caterva de trogloditas de Deus exigiu a todas as mulheres o uso do véu integral, de roupas largas que não revelem as formas do corpo e que tenham sempre as mãos e os pés cobertos, para evitarem «castigos severos».

Os comunicado dos piedosos selvagens avisava, segundo o jornal El País: «Isto não é uma restrição de liberdade, apenas impede que as mulheres caiam na humilhação e vulgaridade de ser um espetáculo».

Na quinta-feira, essa canalha medieval ordenou que todas as mulheres da cidade, entre os 11 e os 47 anos, se submetessem à mutilação genital, segundo denunciou à BBC a coordenadora das Nações Unidas no Iraque, Jacqqueline Badcock.

A fatwa do EI submete as mulheres de Mossul à violência brutal, medonha e criminosa que as expõe a hemorragias, riscos urinários, infeções e infertilidade, para além de as privar do prazer sexual e dos mais elementares direitos humanos, para satisfação de um profeta analfabeto e violento que entrou em defunção há 1382 anos.

Oiço falar de multiculturalismo e fico com brotoeja. Há um manual terrorista chamado Corão e devotos criminosos. Chamem-me xenófobo e esquizofrénico, pretextem as más interpretações dos hadiths, digam-me que é excessiva a generalização e que, na revolta que sinto me assemelho a essa canalha maldita.

As mulheres, que os pulhas de Deus destroem, são minhas companheiras, irmãs, filhas e netas. Maldita religião, malditos cúmplices.

27 de Julho, 2014 Carlos Esperança

A verdade e a sua difícil descoberta

É difícil descobrir a verdade entre catadupas de desinformação e contrainformação que têm o apoio sectário dos dois lados da barricada.

Acreditem, leitores, que me esforço por navegar entre destroços da propaganda, à espera de identificar factos e fotos reais, quando se deturpam os primeiros e se manipulam as segundas, quando se atribuem a uma guerra em curso imagens de um acidente passado.

Espero que, nos erros que cometo, vejam a boa fé que me anima, o contributo do zelo de quem lança temas à reflexão de quem visita este blogue. Espero que apreciem o esforço com que uso a única arma de que disponho – a palavra –, e que me ajudem a corrigir os enganos, apontando-os.

A Ucrânia, onde a UE, no meu ponto de vista, foi responsável pela provocação à Rússia, e Israel, onde uma provocação do Hamas foi pretexto para a cruel retaliação, não são os únicos pontos do planeta onde a violência atinge o paroxismo da crueldade. O Iraque, a Nigéria, a Síria vivem dramas, e outros obscuros países têm populações onde se morre à fome, onde as epidemias atacam e os déspotas governam.

Não há autoridade mundial que impeça manifestações de racismo, xenofobia, vingança e misoginia. Parece que a vitória dos preconceitos de cada um é mais importante do que o combate à discriminação de género, ao tribalismo, à fome e às epidemias.

Uns rezam, outros acirram ódios, e todos somos responsáveis pela espiral de violência que grassa no Planeta.

Que raio de Mundo onde as religiões envenenam tudo!