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Bento XVI e a cruzada contra a secularização da Europa

Das alfurjas do Vaticano ouviam-se latidos contra o laicismo. O pastor alemão mostrou os dentes, afiou as garras e vociferou latim. Saíram-lhe santas imprecações em forma de oração, por hábito e contenção beata.

Quando o paramentavam para os rituais, enquanto sentia as mãos macias do sacristão e as sedas que lhe moldavam a pele, B16 cismava vingar-se da Europa, indiferente a que as pessoas da Santíssima Trindade fossem três ou trezentas, os mandamentos da lei de Deus, dez ou cem, e os milagres necessários para criar um santo, dois ou duzentos.

Como chefe de um exército de sotainas convocou as hostes para anunciar o Evangelho, aqueles quatro livros cheios de contradições e de violência que se juntaram ao Antigo Testamento, por ordem de Constantino, escolhidos entre muitos outros ainda mais contraditórios e inverosímeis.

Quando pediu aos bispos «um testemunho claro, público e corajoso», B16 não mandou ensinar padre-nossos ou treinar beatos a ruminar ave-marias, usou um eufemismo para lançar a cruzada, fez uma declaração de guerra com palavras melífluas, incitou bispos a brandir o báculo e a arremeter contra Governos que se negassem a esportular o óbolo, a fazer a genuflexão e a dificultar o proselitismo.

Para B16 a liberdade era a «ditadura do relativismo», o respeito pelos Mandamentos de Deus (interpretados pela Mafia que dirigia) devia ser imposto e não admitia que «desapareça a identificação com o Magistério da Igreja», isto é, a subserviência à tiara.

B16 exortou os Bispos a que «exponham a Palavra de Deus com toda a clareza, mesmo os pontos que, muitas vezes, são escutados com menos vontade ou que provocam reações de protesto ou mesmo de deserção». É a ordem de marcha, em beata cruzada contra os infiéis, réprobos, apóstatas e ateus.

Francisco ainda não desautorizou o anterior Torquemada.