Loading

Dia: 28 de Julho, 2013

28 de Julho, 2013 David Ferreira

Hóstia dominical – VI

Deus é um produto da nossa mente. A nossa mente é um produto do nosso cérebro. O nosso cérebro é um produto da evolução. Como tal, Deus não pode ter existido antes de nós sermos. E sendo que só o que existe pode gerar, Deus é um produto do Homem e não este um produto de Deus.

28 de Julho, 2013 Carlos Esperança

Auto da Barca do HM

AUTO DA BARCA DO HM*

Por

João Pedro Moura

 

– Ó da barca, para onde me levas?

– Para meu novo porto, mas de Senhor velho, viajante! Eu, H.M., ao leme… o porto é só meu!

– E que me ofereces nesta tua barca velha?

– Ora… isso mesmo… um vinho único e bom e bom petisco, de celeste aprisco!

– …

– …

– Chamas bom a este vinho, de sabor a pinho?! E petisco a este cisco?! De arisco e diabólico aprisco!…

– É tudo da minha capela, viajante! E só eu é que enfuno a vela!…

–  H.M., que porto é aquele de que afinal me afastas?! Não lá pastas?!…

– Por ora derivo, viajante! Não tenho divo, que me oriente!…

– Mas não governas capela???!!! Não és tu que enfunas vela???!! ! Que testas no teu porto novo???!!!

– Ora, nem novo nem velho testamento!… Mingua-me o tento! Já não aguento!…

 

*H.M. – Heteronimista Metastático:  apodo da mascote viscosa, deste Diário, em processo (abortivo…) de renascimento crédulo…

28 de Julho, 2013 Carlos Esperança

EGIPTO: Reflexões sobre o golpe de 3 de Julho…

Por

E – Pá

 Anteontem, novos e violentos confrontos assolaram o Egipto provocando muitas vítimas e lançando o País numa perturbadora confusão que se intensificou desde que um golpe militar interrompeu mais uma ‘deriva islâmica’ no Norte de África. link

Independentemente de aspectos formais relativos à ‘normal’ eleição deMorsi, enquanto candidato da Irmandade Muçulmana pelo Partido Justiça e Liberdade e que revelaram, mais uma vez e cedo, a capacidade de perverter à posteriori a essência democrática que procura a sua legitimação no voto e num programa político o que o processo em curso nos revelou foi o início de uma deriva para um ‘regime islâmico’ (onde a Democracia é a primeira das vítimas).

O exercício que se impõe fazer é compreender o que parecendo comezinho poderá estar por detrás da actual situação a influenciar os mais recentes acontecimentos.

Na verdade, a Irmandade Muçulmana apareceu ‘suavemente’ na ‘revolta egípcia’ que depôs Mubarak pretenso ‘sucessor’ do pan-arabismo Baas que inspirou Nasser. A queda de Mubarak que ficou a dever-se às manifestações de revolta públicas, aparentemente sem nítida direcção política, mas poderosas e impressionantes no capítulo da potencialidade de movimentação política. Concomitantemente, o vitorioso desfecho da rua provocou profundas dissensões no aparelho militar que não conseguiu impor aos ‘revoltosos da praça de Tharir‘ uma solução congeminada entre os altos comandos e o deposto Mubarak – o Conselho Supremo das Forças Armadas.

De facto, as Forças Armadas, ‘obrigadas’ pelas circunstâncias a alinhar num projecto complexo e confuso de democratização do Egipto ficaram, depois do último acto eleitoral ganho por Mohamed Morsi, numa posição desconfortável. E cedo começaram as intrigas, as retaliações e as movimentações contra a estrutura militar dirigente e contra os tribunais.

A Irmandade Muçulmana terá a nítida percepção de que precisa de começar por domesticar para depois ‘comandar’ – segundo as suas leis – o maior exército de África (muito próximo do meio milhão de efectivos). A acção política visível da Irmandade Muçulmana assenta no largo conceito de ‘assistencialismo islâmico’ que é suportado pela manutenção e desenvolvimento de uma intrincada rede de assistência social, educativa e sanitária aparentemente ‘neutra’ mas politicamente comandada por princípios religiosos (inflexíveis e dogmáticos) que não demoram muito tempo a revelar-se. Esta ‘rede assistencialista’, enquanto a Irmandade esteve interdita de actuar na sociedade egípcia (tempo de Mubarak e antecessores), foi sub-repticiamente ganhando força (conseguiram como ‘independentes’ 20% dos votos nas eleições de 2005) e esta organização cresceu (e sobreviveu) à custa de dinheiros árabes e dos seus militantes tornado possível cobrir – na clandestinidade – uma significativa parcela da população (provavelmente muito acima dos 20% eleitoralmente revelados em 2005).

A extensão dessa rede dando-lhe uma dimensão nacional e um estatuto universalista necessário para ‘sossegar’ os fiéis islâmicos (crentes na providência divina) e outros (coptas, p. exemplo) arrasta consigo sérios problemas de sustentabilidade financeira.

E, então, coloca-se uma questão crucial: onde arranjar esse dinheiro?

– Obviamente que a ‘solução’ passa pelas Forças Armadas egípcias.

Esta imensa corporação domina vastas e estratégicas áreas económicas como foi recentemente revelado pela Wikileaks. São um exemplo único de um ‘Exército/Empresa’ capaz de ‘representar’ cerca de 50% do PIB egípcio. Trata-se de uma enorme holding fortemente armada. Estas ‘qualidades’ colocaram as Forças Armadas na mira da Irmandade Muçulmana tornando indispensável o seu controlo para sustentar, financiar e levar a bom porto a acção político-religiosa.

Resumindo: a Irmandade Muçulmana já vencedora no campo eleitoral aparece interessada no controlo hegemónico da economia egípcia instrumento necessário para financiar as suas políticas. As Forças Armadas tratando-se de um grande empório económico não se deixam expropriar porque ficam sem garantias quanto à sobrevivência e à manutenção do status quo (privilégios e mordomias) da corporação militar.

Daí o golpe de 3 de Julho que aparece à luz do dia apoiado por forças estranhas a este diferendos primários: a oposição liberal e laica, onde a heterogeneidade campeia.

O desfecho é, também, previsível: Num país maioritariamente islâmico (sunita) um dia haverá um acordo, uma partilha que encaixe no mesmo barco as Forças Armadas e os movimentos islâmicos que se acoitaram na sombra da Irmandade.

E quem será excluído?

– Os liberais e as correntes laicas que agora aparecem ao lado dos militares sem controlar os seus desígnios.

A História tem destas particularidades. Nem sempre os lutadores, uma vez vitoriosos, conseguem distribuir a vitória por todos e permanecer no terreno a liderar as mudanças qualitativas que protagonizaram.

Há sempre ‘alguém’ que, apesar de gostar de actuar na sombra, aparece a apropriar-se, a expropriar… a (re)tirar dividendos.

28 de Julho, 2013 Carlos Esperança

Há uma pomba num ninho de falcões?

O papa Francisco defende a “laicidade do Estado”

Depois de insistir sobre a “responsabilidade social” dos governantes, o chefe da Igreja católica surpreendeu claramente ao defender o Estado secular: “a coexistência pacífica entre as diferentes religiões fica beneficiada pelo estado secular, que, sem assumir como própria, nenhuma posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade “.