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Dia: 27 de Junho, 2013

27 de Junho, 2013 Carlos Esperança

O horror da ICAR ao ateísmo (2008). Resposta da AAP

Exmo. Senhor (Carta registada em 2 de Junho de 2008)
Dr. Jorge Ortiga
Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE

 

Excelência:

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), recentemente constituída, felicita V. Ex.ª pela recente reeleição como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e aproveita para lhe expor alguns pontos de vista susceptíveis de corrigir tomadas de posição com que, talvez por desconhecimento, alguns bispos têm atacado o ateísmo e os ateus, embora lhes respeite o direito de expressão constitucionalmente consagrado.

A AAP revê-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem e na Constituição da República Portuguesa. Defende a liberdade, sem privilégios para qualquer religião, bem como o direito à crença, não-crença ou, mesmo, à anti-crença e exige a neutralidade do Estado em matéria confessional.

A AAP assegura a V. Ex.ª que defenderá qualquer religião que, eventualmente, venha a ser perseguida por religiões concorrentes ou por algum Estado ateu que venha a surgir, tão perverso como os confessionais. O Estado deve ser neutro.

Dividem-nos profundas divergências de carácter filosófico e uma visão antagónica da Criação, pensando os ateus que foram os homens que criaram Deus e a ICAR que foi o contrário, mas nada justifica que não possamos ter uma relação urbana entre adversários que, jamais, devem ser inimigos.

Da AAP pode a ICAR contar com a ausência de proselitismo, a não admissão de sócios menores de 18 anos e a renúncia à excomunhão de qualquer opção religiosa, filosófica ou política. Os ateus são tolerantes e cultivam o pluralismo.

Recentemente, o senhor Patriarca Policarpo considerou o ateísmo o «maior drama da humanidade», afirmação de rara benevolência para com as religiões e cujo excesso não se justifica com os habituais exageros publicitários. Para nós, ateus, homens e mulheres que vivemos bem sem Deus, os grandes dramas são a fome, as doenças, as guerras, o terrorismo, a pobreza, o analfabetismo e os cataclismos naturais. Nunca veríamos nas religiões ou numa corrente filosófica «o maior drama da humanidade», e sabemos como as primeiras os provocaram e ainda provocam.

No dia 13 de Maio, o senhor cardeal Saraiva Martins, pesquisador de milagres e criador de beatos e santos, presidiu em Fátima à «peregrinação contra o ateísmo na Europa». Sem aumento de orações ou sacrifícios podia ter incluído mais quatro continentes mas, Excelência, por que motivo a peregrinação foi «contra o ateísmo» e não a favor da fé? É o espírito belicista dos cruzados que ainda corrói a mente do vetusto cardeal da Cúria?

Nós, ateus, somos a favor da liberdade, da democracia, do livre-pensamento e da ciência, contra o obscurantismo, a mentira, o medo e o pensamento único. Somos contra a xenofobia, o racismo, o anti-semitismo e qualquer forma de violência ou de discriminação por questões de raça, religião, nacionalidade ou sexo.

Se V. Ex.ª partilhar algum ou alguns dos nossos pressupostos éticos ou filosóficos pode contar com a nossa solidariedade.

Apresento-lhe as minhas cordiais saudações

Pela Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

27 de Junho, 2013 Carlos Esperança

Um fascista canonizado

Faz hoje 38 anos que faleceu monsenhor Josemaria Escrivá, indefetível apoiante do genocida Francisco Franco e financiador dos negócios políticos de João Paulo II, que deram origem à falência fraudulenta do banco Ambrosiano.

Com 38 anos de defunção, já fez 3 milagres, subiu aos altares e deixou um exército de prosélitos capazes de enfrentarem o Islão e de subsidiarem o Vaticano onde, depois de dois pontificados, não conseguiram impor o novo Papa.

Fundador de uma das mais reacionárias seitas católicas, usava o cilício como prova de amor ao Deus que defendeu a monarquia, o catolicismo e a pena de morte em Espanha.