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Dia: 7 de Julho, 2012

7 de Julho, 2012 Carlos Esperança

O Moisés bíblico

Por

Leopoldo Pereira

Moisés é um dos profetas mais relevantes da história do Povo Judeu; a ele estão associados acontecimentos como o Êxodo (a fuga dos judeus que viviam no Egipto), as peripécias vividas pelos judeus no Monte Sinai (assunto a que tenciono dedicar-me posteriormente) e outros.

Após a morte de José, também judeu e segunda figura na hierarquia do Poder no Egipto, subiu ao Trono um Faraó que deu em embirrar com os judeus, a ponto de ordenar às parteiras egípcias que matassem todos os bebés masculinos judeus, logo ao nascer, ordem que as parteiras não acataram, correndo graves riscos, por desobediência. Como esta medida não vingou, o Povo Judeu foi-se tornando numeroso, preocupação acrescida para o Faraó. Então o monarca voltou à receita anterior, mas desta vez extensiva a todo o Egipto: “Lançareis ao rio Nilo todo o menino que nascer e deixareis viver todas as meninas”. Não imagino como se desenrascaram os pais que moravam longe do grande rio…

Entretanto um casal de judeus teve um belo rapaz e esconderam-no durante três meses; quando já não conseguiam escondê-lo por mais tempo, a mãe embarcou-o num cestinho de papiro, à prova de água, e intencionalmente pô-lo na margem do Nilo, entre os juncos, numa zona onde a filha do Faraó costumava tomar banho. A menina viu o cestinho e mandou uma criada buscá-lo. Logo topou que a criança era hebraica! Além de inteligente, também devia ser muito boa, pois decidiu adotar o menino e arranjar de pronto uma ama que cuidasse dele, por acaso a mãe da criança. Já crescidinho foi devolvido à Faraozinha, que o batizou de Moisés (Salvo das águas). O rapaz passou uns anitos maravilhosos no Palácio do Faraó, mas a dada altura meteu-se em sarilhos, matando um egípcio. O caso tornou-se conhecido e teve de fugir. Um judeu generoso não só o aceitou em sua casa como lhe deu a filha Séfora. Moisés deixou de roer as unhas, mas começou a ter visões, que não entendia, até que numa dessas sessões Deus decidiu apresentar-se: “Não te aproximes e tira as sandálias, porque o lugar é sagrado; eu sou o Deus dos teus antepassados. Vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egipto; tenho de o libertar e fazer sair desta terra. Envio-te ao Faraó, para tirares os filhos de Israel daqui.”

Moisés ficou acagaçado; não tinha esquecido o motivo por que fugira, além de se considerar incapaz de executar uma missão diplomática de tamanha envergadura. Argumentou que tinha dificuldade em se expressar e que se sentia inseguro mesmo junto dos seus, quando lhes dissesse que era um enviado de Deus; eles vão querer saber o Vosso nome, por exemplo.

Resposta: “Eu sou Aquele que sou”; “dirás ainda: O Senhor é que me enviou a vós.”

Moisés deve ter tido dificuldade em digerir o que escutara e quis mais garantias. Deus ficou irritado e lembrou-se de Aarão, mano de Moisés (mais um que escapou do rio), achando melhor que fosse este a falar às massas, pois não era tão bronco e tinha inclusive o dom da palavra. Porém, não tirou Moisés do papel principal e ensinou-lhe vários truques: O da vara virar serpente; a lepra que desaparecia ou aparecia e a transformação da água em sangue. A chatice é que os Magos do Faraó conseguiram imitar todas aquelas habilidades! Posto o falhanço, mais um truque: Rãs em quantidades nunca antes vistas. Mas até este os Magos imitaram. Seguiram-se outros: O dos mosquitos, o das moscas, o da peste, o dos tumores, o do granizo, o dos gafanhotos e o anúncio da morte dos primogénitos egípcios.

Não há paciência que aguente; o Faraó cansou-se de os aturar e permitiu que saíssem do país.

Apesar de Moisés ser muito estimado pelos ministros e povo egípcio (algo que surpreende), liderou a fuga. Poucas horas volvidas, o Faraó arrependeu-se e enviou as suas tropas no encalço dos fugitivos. Foi quando Moisés abriu caminho por entre as águas, caminho que fechou logo que o último judeu atingiu a margem. Ora as tropas do Faraó, que de certeza não eram comandadas por um Oficial Ranger, meteram-se incautamente onde não deviam e foi aquela tragédia: Pereceram quase todos afogados.

Os judeus não rumaram na direção da Terra Prometida, a terra dos cananeus, heteus, amorreus, heveus, jebuseus e piolhosteus, onde corria leite e mel; decidiram dar umas voltas pelo deserto durante 40 anos! A jornada podia realizar-se, segundo quem sabe, em três semanas, o máximo quatro.

Então até às peripécias ocorridas na zona da Montanha do Sinai.

L. Pereira, 7/7/12