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Dia: 16 de Agosto, 2010

16 de Agosto, 2010 Carlos Esperança

Origem dos fascismos (3) – Fim

Por

C S F

JAPÃO PEARL HABOUR 1945

A tríade do Eixo incluía o Império do Japão – que tinha não apenas uma pessoa religiosa como chefe de Estado, mas uma verdadeira divindade.
A heresia de acreditar que o imperador Hirohito era deus nunca foi denunciada em qualquer púlpito alemão ou italiano ou por qualquer sacerdote.
No nome sagrado do imperador ridiculamente sobrevalorizado, vastas regiões da China, da Indochina e do Pacífico foram conquistadas, roubadas e escravizadas.
Também em seu nome milhões de japoneses foram martirizados e sacrificados.
O culto deste deus-rei poderia ter levado o povo japonês a recorrer ao suicídio se a vida do imperador fosse ameaçada no fim da guerra.
Os americanos decidiram mantê-lo no trono, apenas permitindo ser considerado imperador e nunca deus.

ESPANHA FRANCO
Em Espanha, o general Franco foi autorizado a dar o nome honorífico de La Crujada, ou «a cruzada», à sua invasão do país e à destruição da república democrática.
Tratava-se de um regime fascista-católico.

PORTUGAL

O regime fascista português foi construído com base na Igreja Católica, contra o republicanismo mais progressivo, o socialismo e o comunismo.
Salazar e o cardeal Cerejeira tinham tido a mesma formação e militado nas mesmas organizações, sobretudo confessionais e monárquicas.
O fascismo português manifestou-se claramente enquanto o Eixo parecia ter possibilidades de ganhar a Guerra.
A dependência económica de países como a Grã-Bretanha, levou Salazar a encenar uma “neutralidade”, tendo-se associado aos Aliados, apenas quando a derrota do Eixo era evidente.

HUNGRIA ALMIRANTE HORTHY

O golpe militar de extrema-direita na Hungria, liderado pelo almirante Horthy, foi calorosamente apoiado pela igreja.

ESLOVÁQUIA
O regime nazi fantoche na Eslováquia era liderado pelo padre Tiso.

ÁUSTRIA 1938 1945

O cardeal da Áustria proclamou o seu entusiasmo pela invasão de Hitler ao seu país na altura do Anschluss, anexação da Áustria pela Alemanha em 13 de Março de 1938.

FRANÇA CASO DREYFUS A 1945

Em França, a extrema-direita adoptou a divisa de «Meilleur Hitler Que Blum» – por outras palavras, é preferível ter um ditador racista alemão do que um judeu socialista francês eleito.
Organizações fascistas católicas como a Action Française, de Charles Maurras e a Croix de Feu fizeram uma campanha violenta contra a democracia francesa, na sequência das campanhas políticas que empreendeu desde a absolvição do capitão judeu Alfred Dreyfus em 1899.
Após a invasão da França pelos alemães, estas forças colaboraram na perseguição e assassinato de judeus franceses, bem como na deportação para trabalhos forçados de um vasto número de outros franceses.
O regime de Vichy cedeu ao clericalismo, apagando o lema de 1789 – Liberté, Egalité, Farternité – da moeda nacional e substituindo-o pelo lema do ideal cristão de Famille, Travail, Patrie.

INGLATERRA ATÉ CONFLITO COM A ALEMANHA

Mesmo num país como a Inglaterra os fascistas contaram com poderosos mentores (como membro da aristocracia e da casa real) também devido à militância de intelectuais católicos como T. S. Eliot e Evelyn Waugh.

IRLANDA CATÓLICOS ATÉ 1945

Na vizinha Irlanda, o movimento Blue Shirt do general O’Dufly (que enviou voluntários para lutar ao lado de Franco em Espanha) era pouco mais do que uma dependência da Igreja Católica.
Em Abril de 1945, ao ouvir a notícia da morte de Hitler, o presidente Eamon de Valera colocou a sua cartola, mandou pedir a carruagem estatal e dirigiu -se à embaixada em Dublin para apresentar os seus pêsames oficiais.

NAÇÕES UNIDAS

Por causa da adopção do fascismo ou por terem sido dele apoiantes, os  Estados dominados pelo catolicismo, desde a Irlanda até Espanha e Portugal, não puderam ser escolhidos para fazer parte das Nações Unidas quando a organização foi criada.

CONCLUSÃO

A igreja fez esforços para se desculpar por tudo isto, mas a cumplicidade com o fascismo é uma marca indelével na sua história e não foi um compromisso a curto prazo ou precipitado mas uma aliança activa que só se quebrou depois de o período fascista ter passado à História.