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Dia: 3 de Dezembro, 2009

3 de Dezembro, 2009 Carlos Esperança

A comunicação social e as emoções

Como sou um leitor compulsivo de jornais, fartei-me de ver a comoção que ia por essas páginas impressas relativamente a um militar da GNR que outro colega assassinou. Vi a comoção dos colegas, a revolta (não percebi porque se viravam contra as chefias) e a raiva.

Segundo li, o soldado da GNR que assassinou o colega que o prendeu foi casado com uma mulher que agrediu de forma brutal e selvagem ao longo do matrimónio (daquele que segundo a Igreja é indissolúvel). Depois da separação continuava a procurá-la para a maltratar, com o primarismo de um selvagem e a maldade de um biltre.

A pobre mulher queixou-se à GNR e ia para o hospital com o corpo dorido e a alma em farrapos quando o patife do ex-marido exigiu que lhe abrissem a porta da ambulância e disparou dois tiros de caçadeira com que feriu a filha e matou a vítima.

Preso e sem a caçadeira, dentro da esquadra, sacou de um revólver e matou o colega que o prendeu e que, por incúria, não revistou o assassino e o deixou armado.

Quem não lamenta um soldado morto em serviço, um agente da autoridade que o colega matou a sangue frio?

Mas como pode esquecer-se aquela pobre mulher que passou a vida a ser agredida e foi enterrada com uma curta referência, sem comoção nem multidões, com uma filha ferida, como se a vida dela valesse menos que a do soldado da GNR?

Bem sei. Coube-lhe ser mulher, parir e aceitar um homem a quem prometeu obedecer, perante deus. Onde está a igualdade de género que nem a comunicação social compreende?

É assim a vontade de deus e a mentalidade judeo-cristã que se mantém.